Brasil

Não há como defender a soberania com a frente ampla

Articulista, assim como o governo Lula, vê no imperialismo um aliado para combater a extrema direita

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O artigo Brasil: entre a soberania e o viralatismo!, assinado por Arnóbio Rocha e publicado pelo Brasil 247, expõe uma das práticas mais negativas da política oportunista da esquerda pequeno-burguesa: a distorção — e não raramente a falsificação — da realidade para conformá-la a seus interesses mesquinhos.

O texto é uma apologia da política do governo Lula. Para tal defesa, Rocha inventa sua própria versão dos acontecimentos mundiais e dos acontecimentos nacionais.

Logo de início, o autor, referindo-se ao Brasil, nos ensina que:

“O país é uma Democracia que passa por solavancos, golpes, tutela militar, mas que se reafirma e luta consigo mesmo para se manter como nação livre e independente, sem submissão política e econômica de nenhuma nação estrangeira.”

O Brasil está muito longe de ser uma “democracia”. Após os 21 anos da ditadura militar (1964-1985), a maioria das eleições foram golpes de Estado, orquestrados pela burguesia com o objetivo de impor uma política de guerra econômica contra a população. Foi assim com Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Jair Bolsonaro.

O povo, de fato, luta para ser independente. Não fosse a reação popular, Temer poderia ter sido reeleito, Lula ainda estaria na cadeia e a destruição do País seria ainda maior. No entanto, o regime político em si não tem nada de independente. Pelo contrário, o regime é tão submisso ao imperialismo que nem mesmo sob um governo de esquerda, como o atual, os Estados Unidos deixam de interferir diretamente no funcionamento de suas instituições. Basta ver a total ingerência dos serviços de inteligência norte-americanos e israelenses no Judiciário e na Polícia Federal.

O Brasil é, desta forma, uma colônia dos Estados Unidos. A participação em fóruns internacionais e as relações com outros países ocorrem apenas nos marcos tolerados pelo imperialismo norte-americano.

Mais à frente, Rocha afirma que:

“A rearticulação do reacionarismo capaz de derrubar uma Presidenta eleita, sem crime, prender um ex-presidente e eleger o pior dos seres humanos, é parte de uma resistência contra a possibilidade de o Brasil se afirmar como Nação, o mais contraditório é o uso dos símbolos nacionais, patriotismo, usados contra o país, apenas agora se torna evidente e cristalino, tanto nas forças do bolsonarismo e seu entreguismo atávico, como também da mídia corporativa, porta-voz do rentismo, dos especuladores e dos setores que são contra o desenvolvimento econômico, político, social e diversidade.”

Nesse trecho, há uma concepção implícita muito problemática. Quando o autor fala em “rearticulação do reacionarismo”, ele dá a entender que os ataques à soberania nacional seriam uma exclusividade da extrema direita. Isto é, algo que se manifesta agora, com a presidência de Donald Trump, e que se manifestou em 2016 com a ascensão do bolsonarismo.

É uma tentativa de embelezar a ação do imperialismo, sobretudo do Partido Democrata e do Judiciário brasileiro. Desde o golpe de 2016, o País segue sendo atacado, sabotado e ameaçado — até mesmo de golpe militar — por parte do imperialismo. No entanto, como hoje a alta cúpula dirigente do imperialismo faz oposição a Trump, Rocha procura isentá-la dos ataques ao Brasil.

Não se trata de uma omissão inocente, mas sim de uma política. Rocha, assim como o governo Lula, vê no imperialismo um aliado para combater a extrema direita.

O mais grotesco, no entanto, vem a seguir:

“O Governo Lula III, um governo de aliança ampla até com parte da Direita, que repôs o Brasil na agenda do mundo, fez crescer o PIB, emprego e renda e mais uma vez tirou o Brasil do mapa da Fome, entrou numa rota de colisão com a extrema-direita encastelada no Congresso, e este cenário contraditório, que caminhava firmemente para emparedar o governo, uma série de duras derrotas no parlamento vetos e a IOF, no entanto, houve uma reação firme do governo, com repercussão na sociedade e nas redes sociais, uma reversão de expectativas justamente depois que impingiram tamanhas derrotas.”

A política de aliança com o imperialismo é a mesma política que o governo vem mantendo no último período. Portanto, para justificar essa política fracassada, Rocha precisa dizer que ela está dando certo. Mas nada poderia estar mais fora da realidade.

Apesar de algumas estatísticas apresentadas pelos marqueteiros do governo, a situação econômica do País é muito ruim. Basta ver crises como a do Pix, para que fique constatado o grau de revolta social.

Até agora, não houve reação firme do governo. Mesmo estando cada vez mais cercado, o governo se recusa a chamar o povo às ruas. Isto é, insiste na frente com os golpistas como sua política para enfrentar o golpismo que se aproxima.

Essa política levará a um grande desastre. É preciso abandonar a colaboração com os setores que conspiram contra o governo e mobilizar os trabalhadores em torno de reivindicações reais, como o aumento do salário mínimo, a redução da jornada de trabalho e a geração de emprego. Manter uma política de arrocho fiscal em nome de uma aliança com a direita “tradicional” é uma submissão ao imperialismo.

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