A chacina recente nos Complexos da Penha e do Alemão não é um crime isolado, tampouco pode ser reduzida a um lamentável “excesso” de agentes mal treinados. A imagem dos corpos enfileirados, resultado da operação mais letal da história recente, é a fotografia mais nítida da função intrínseca da instituição policial no Brasil. Olhando para este massacre, não há como chegar a outra conclusão: a polícia tem que acabar.
Dentro da esquerda, há aqueles que querem contemporizar com o aparato repressivo, pregando que o problema seria necessário investir em “inteligência” — isto é, em um serviço de espionagem e monitoramento dos ditos “bandidos”. Segundo este setor, com mais tecnologia, melhor coleta de dados ou um treinamento ético aprimorado, poderíamos ter uma polícia menos violenta. Este é o erro central que oculta a verdadeira natureza do problema: a polícia é um problema de classe.
A Polícia Militar, com sua brutalidade descuidada e sua orientação militarizada, é o braço mais visível e cotidiano da repressão. Mas seu “despreparo” não é uma falha; é uma característica funcional. Ela é a força de ocupação nas favelas e bairros operários, responsável por manter a população trabalhadora sob o cabresto do terror, assegurando que a miséria social não se transforme em rebelião.
A PF opera com um nível de sofisticação que serve a um propósito muito mais elevado para as classes dominantes: a defesa do Estado burguês e de seus interesses políticos e econômicos. Esta é uma força de elite cada vez mais ligada ao imperialismo. A PF está infiltrada e coopera diretamente com agências de inteligência e repressão de governos estrangeiros, como a CIA e o Mossad. Quando o aparato de segurança brasileiro é dominado pelo imperialismo, ele não está defendendo a população, está defendendo os interesses do capital internacional e de seus aliados internos. Esta é uma polícia que jamais hesitará em promover o massacre da classe trabalhadora, pois está a serviço dos inimigos de classe em escala global.
A polícia estatal, em todas as suas esferas, tem que acabar. O único caminho para o povo é o desmantelamento de todo o aparato de repressão estatal e sua substituição por polícias populares. Forças de segurança compostas por pessoas dos próprios bairros, controladas pela comunidade e cujos chefes são eleitos diretamente pelo povo.




