Nos últimos dias, a extrema-direita tem circulado um vídeo da atual deputada Gleisi Hoffmann e do Ministro da Secretaria de Relações Institucionais do Brasil, em que se observa a mudança de postura em relação ao ministro do STF, Alexandre de Moraes. O vídeo se passa após o golpe de Estado contra a ex-presidente Dilma Rousseff, por volta de 2017, quando o atual ministro do STF foi indicado.
O vídeo divulgado pelos bolsonaristas se inicia com uma fala de Gleisi exaltando Alexandre de Moraes, suposto defensor da “democracia” e da “soberania nacional”:
“Quero aqui ressaltar o papel do ministro Alexandre de Moraes na defesa da democracia e, agora, da soberania nacional.” — afirma Gleisi Hoffmann.
Logo em seguida, aparecem críticas da deputada federal. Confira alguns trechos:
“Muitas preocupações com essa indicação. É uma indicação partidária, não que não faça parte do processo político as indicações para o Supremo. Mas a pessoa que foi indicada é militante de carteirinha do PSDB, já fez críticas ao PT e já se utilizou de seus cargos com intenções partidárias.”
“Nós temos muitas preocupações em relação à postura dele no Supremo. Até porque, pelo que nós observamos dele nas ocupações de cargos que ele teve, houve uma utilização partidária. Isso nos preocupa bastante.”
“Não é uma questão de mera militância ou filiação partidária. Aqui nós temos, inclusive, situações de perseguição partidária. Por isso, eu acho que é muito importante e relevante que Vossa Excelência, aqui, de pronto, se declare em suspeição.”
“Senadores e senhoras senadoras, nunca houve, nas indicações ao Supremo Tribunal Federal, uma reação contrária da sociedade civil organizada tão grande quanto neste caso da indicação do Dr. Alexandre de Moraes.”
“Indicado e sabatinado, trata-se de um militante partidário convicto. Aliás, por seus posicionamentos externados, eu não diria apenas militante. Além de militante e filiado, nós temos posicionamentos que indicam até perseguição política.”
Hoje, Alexandre de Moraes, grande inquisidor do bolsonarismo, conduz um processo que extrapola até mesmo as ilegalidades da Lava-Jato contra o PT. Agora, ele é paparicado por Gleisi Hoffmann, Lula e outros nomes do Partido dos Trabalhadores, iludindo toda a base eleitoral da esquerda em relação ao velho tucano.
Rui Costa Pimenta, presidente da sigla trotskista PCO, afirma que o episódio escancara os limites da política de oportunismo do PT, declarando que é uma “política baseada na manipulação das pessoas”:
“Esse é um vídeo que a direita está usando em campanha. Não dá para censurar isso porque eles apenas juntaram duas falas da Gleisi Hoffmann. Acho que vão tentar censurar, mas isso está circulando pela direita. Por que isso é importante? Porque coloca em pauta os limites do oportunismo político do PT. É uma política baseada na manipulação das pessoas: você fala uma coisa hoje e, amanhã, diz outra completamente oposta.”
“É a defesa nua e crua do interesse político, sem qualquer tipo de fundamentação ou explicação. O PT vive há muito tempo com essas contradições: uma hora fala contra a ditadura, depois coloca um homem da ditadura como vice do Lula.” — continuou Rui.
Em um primeiro momento, os que se tornariam bolsonaristas — a extrema-direita — apoiaram entusiasticamente a Lava-Jato, processo farsesco que acabou colocando Lula na cadeia por 580 dias. A direita exaltava figuras como Sérgio Moro e Deltan Dallagnol. Hoje, são perseguidos por Alexandre de Moraes, o mesmo que agora é paparicado por um setor da esquerda.
Quem sai fortalecido, tanto com o processo da Lava-Jato, apoiado pelos bolsonaristas, quanto com o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, intensamente apoiado pela esquerda, é o Estado burguês, por sua vez atrelado ao imperialismo. Em resumo, quem sai lesado é o proletariado, o elo mais fraco da sociedade burguesa.