O governo federal anunciou, nesta quarta-feira, (13) uma medida provisória para socorrer setores exportadores afetados pelo aumento de tarifas imposto pelo governo norte-americano a produtos brasileiros. Para “proteger” esses empresários, o presidente Lula afirmou, em entrevista à rádio BandNews, que liberará R$30 bilhões para empresas que perderam competitividade. Entre os beneficiados, grandes produtores rurais — os latifundiários — terão ainda o adiamento de até dois meses no pagamento de impostos.
O contraste é gritante. Ao mesmo tempo em que corta benefícios como o BPC de pessoas em extrema pobreza, o governo desembolsa bilhões para setores que em nada contribuem para o desenvolvimento do País. É um gesto político evidente, voltado a tentar conquistar o apoio de uma parcela da burguesia que participou de golpes recentes.
O argumento oficial é que se trata de crédito, e não de doação. Mas todos sabemos como isso costuma terminar: o dinheiro dificilmente será devolvido. Já para um trabalhador comum, conseguir um empréstimo é outra história — e, quando consegue, é em condições muito mais duras e com garantias que não são exigidas dos grandes.
O Bolsa Família, que atende cerca de 20 milhões de pessoas, custa em torno de R$160 bilhões por ano. O “auxílio latifúndio” consumirá quase um quinto disso, beneficiando apenas um punhado de grandes exportadores. Enquanto milhões dependem de políticas sociais para sobreviver, alguns empresários terão seu faturamento protegido com dinheiro público.
Se o objetivo fosse realmente fortalecer a produção nacional, o caminho seria outro: apoiar pequenos produtores, atender às reivindicações do MST e avançar na chamada política de reforma agrária.
O socorro aos grandes exportadores não é uma medida de soberania, mas sim uma tentativa de apaziguar um setor que ameaça romper com o governo. É dinheiro do trabalhador, para garantir o apoio político de quem pouco ou nada contribui para o País. Nada tem a ver com a soberania.





