Nael Saleh al-Barghouthi passou 44 anos preso – mais de dois terços de sua vida – pelas forças de ocupação sionistas. Nael é o prisioneiro palestino que está há mais tempo preso.
Preso pela ocupação sionista em 1978 e passou 34 anos consecutivos nas prisões israelenses até ser libertado em um acordo de troca de prisioneiros entre a resistência e “Israel” em 2011. Três anos depois, Nael foi preso novamente junto de dezenas de ex-prisioneiros.
Ao longo de décadas de prisão, Nael perdeu seus pais e muitos de seus parentes próximos. Se houvesse um mundo livre, Nael não teria permanecido na prisão por 41 anos”, disse sua esposa em 2020.
Nael nasceu em 23 de outubro de 1957, na vila de Kobarr, norte de Ramalá em Gaza. Nael vem de uma antiga família de fazendeiros, formando um laço inquebrável com a sua terra. Filho de Saleh al-Barghouthi e “Farha”, Nael possui dois irmãos: Omar, seu irmão mais velho, e Hanan, sua irmã mais nova.
Começou sua atuação política no movimento estudantil e participou de diversos protestos contra a ocupação israelense. Foi preso pela primeira vez na sua cidade natal em 1978, após um longo e severo interrogatório, foi condenado à prisão perpétua e 18 anos de prisão por, supostamente, ter matado um oficial da ocupação israelense ao norte de Ramallah. Seu irmão, Omar, também foi preso, juntamente com seu primo, Fakhri. Omar passou 26 anos preso e Nael 34.
Quando foi preso, Nael era membro do braço armado do Movimento Fatah de Yasser Arafat. Durante seu tempo preso, juntou-se ao Hamas e chegou a concorrer nas eleições legislativas de maio de 2021 como candidato da lista “Jerusalém é nossa promessa” do Hamas.
Acabou sendo libertado em 2011, quando se casou com sua esposa Iman Nimr Sarhan Nafi. Nascida em 1964 na vila de Ni’lin, Nafi foi presa pela segunda vez em 1987 acusada de ter, supostamente, planejado um ataque suicida em Jerusalém. Condenada a 15 anos de prisão, Nafi conheceu Nael atrás das grades.
Porém, em 18 de junho de 2014, ignorando suas obrigações sobre a troca de prisioneiros, as autoridades de ocupação israelenses o prenderam novamente e o condenaram a 30 meses de prisão. Contudo, os sionistas se recusaram a libertá-lo depois de ter cumprido sua pena e impuseram novamente a decisão anterior contra ele.
Em 2018, as forças de ocupação prenderam seu irmão depois de terem matado um de seus filhos e prender outro, junto com grande parte de seus familiares. “Israel” também demoliu duas casas pertencentes a sua família próxima como parte de sua política de punição coletiva. Um grande número de membros de sua família foi detido e libertado várias vezes, incluindo seu irmão Omar.
Omar é o detento administrativo palestino mais tempo preso por “Israel”. Omar ficou 34 meses preso por “Israel” sem acusação ou julgamento. Segundo o Centro Ahrar para Estudos de Prisioneiros e Direitos Humanos, Omar passou quase 26 anos de sua vida em prisões israelenses, em repetidas detenções.
Nael ainda está preso pela ocupação, porém, consta na lista de prisioneiros a serem libertados pelo acordo de cessar fogo entre Hamas e “Israel”.
“Senti uma imensa felicidade quando vi seu nome na lista publicada pelo Ministério da Justiça de Israel, que incluía centenas de presos palestinos que seriam libertados na primeira fase do acordo em troca de 33 prisioneiros israelenses detidos em 7 de outubro de 2023”, disse Nafi à AFP.
Nafi afirmou ainda que a decisão de exílio é “inaceitável para nós. Tenho certeza de que Nael a recusará e preferiria permanecer na prisão a ser forçado ao exílio. Imagine alguém que passou 44 anos na prisão sendo submetido a uma nova punição de separação de sua família, terra e lar”.