Um dos episódios mais sombrios da história do sionismo foi a sua campanha de terrorismo contra os judeus dos países árabes, principalmente do Iraque, onde existia a maior população, para que eles migrassem em massa para o Estado de “Israel”. Os britânicos já começaram com a campanha sectária antes mesmo da existência de “Israel”, mas, após a criação do Estado sionista, as operações se tornaram ainda mais elaboradas, inclusive com atentados a bomba. Naeim Giladi era um desses judeus iraquianos, ele relembra sua vida em uma entrevista feita em 1998.
Em determinado momento ele cita que: “as manifestações antijudaicas de 1941 fizeram mais do que criar um pretexto para os britânicos entrarem em Bagdá para reinstalar o regente pró-britânico e seu primeiro-ministro pró-britânico, Nouri el-Said. Eles também deram aos sionistas na Palestina um pretexto para estabelecer uma rede clandestina sionista no Iraque, primeiro em Bagdá, depois em outras cidades como Basra, Amara, Hillah, Diwaneia, Erbil e Kirkuk”. Com esses comentários, já fica claro que instigar o antissemitismo no Oriente Médio, algo que era quase inexistente, era uma ferramenta do imperialismo britânico.
Ele então cita os atentados organizados por “Israel”. Em 1950, “uma bomba explodiu no Centro Cultural e Biblioteca Americana em Bagdá, causando danos materiais e ferindo várias pessoas. O centro era um local de encontro favorito para jovens judeus”. E segue: “a primeira bomba lançada diretamente contra judeus ocorreu em 8 de abril de 1950, às 21h15. Um carro com três jovens passageiros lançou uma granada no Café El-Dar El-Bida, em Bagdá, onde judeus estavam celebrando a Páscoa. Quatro pessoas ficaram gravemente feridas. Naquela noite, panfletos foram distribuídos conclamando os judeus a deixarem imediatamente o Iraque”.
E logo após, “muitos judeus, a maioria pobres sem nada a perder, lotaram os escritórios de emigração para renunciar à sua cidadania e solicitar permissão para partir para Israel. Tantos se inscreveram que a polícia teve que abrir escritórios de registro em escolas e sinagogas judaicas”.
O mais macabro dessa política sionista é que os israelenses realizaram uma limpeza étnica também no Iraque. O seu objetivo, que foi cumprido, era destruir uma comunidade de 100 mil pessoas, uma das mais antigas do Oriente Médio. Os judeus iraquianos viveram lá por milênios em uma situação muito melhor que na Europa. Mas os sionistas não se importam de fato com as comunidades judaicas do mundo, seu objetivo era colonizar a Palestina a serviço do imperialismo.
Ele então cita as provas de que foram os sionistas que realizaram o crime. Ele relembra que “em 1955, por exemplo, organizei em Israel um painel de advogados judeus de origem iraquiana para lidar com reivindicações de judeus iraquianos que ainda possuíam propriedades no Iraque. Um advogado bem conhecido, que pediu para não ter seu nome revelado, confidenciou-me que os testes laboratoriais no Iraque confirmaram que os panfletos antiamericanos encontrados no atentado ao Centro Cultural Americano foram digitados na mesma máquina de escrever e duplicados na mesma máquina de estêncil que os panfletos distribuídos pelo movimento sionista pouco antes do bombardeio de 8 de abril”.
E, além disso: “os testes também mostraram que o tipo de explosivo usado no ataque de Beit-Laui correspondia aos vestígios de explosivos encontrados na mala de um judeu iraquiano chamado Yosef Basri. Basri, advogado, junto com Shalom Salih, um sapateiro, seriam julgados pelos ataques em dezembro de 1951 e executados no mês seguinte. Ambos eram membros do Hashura, o braço militar da organização clandestina sionista. Salih acabou confessando que ele, Basri e um terceiro homem, Yosef Habaza, realizaram os ataques”.
Os sionistas negam essas operações, pois é algo muito vergonhoso atacar a própria comunidade judaica, mas a operação imperialista é clara, obviamente feita com os britânicos que controlavam o Iraque. Depois dos atentados, os israelenses organizaram uma das maiores migrações em massa, quase toda a população de judeus iraquianos foi transportada de avião para o Estado de “Israel”. Para os sionistas, foi um ganho gigantesco, a população na escala de um milhão de pessoas cresceu consideravelmente
Esses judeus árabes foram usados pelos sionistas para viver nos assentamentos que são as bases militares de “Israel”. Próximos à fronteira de Gaza, Egito, do Líbano, da Cisjordânia, e da própria Jordânia, que são zonas onde as guerras poderiam estourar – e de fato o fizeram.
Ele conclui sua entrevista: “nós, judeus das terras islâmicas, não deixamos nossos lares ancestrais por causa de alguma inimizade natural entre judeus e muçulmanos. E nós, árabes – digo árabe porque essa é a língua que minha esposa e eu ainda falamos em casa – nós, árabes, em diversas ocasiões buscamos a paz com o Estado dos Judeus”. Mas o autoproclamado Estado judeu é a maior fonte de guerras do Oriente Médio, é a principal base do imperialismo na região.