Na edição desta quinta-feira (25) do programa Análise Internacional, transmitido pelo Diário Causa Operária (DCO), o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, destacou a crise da chamada Autoridade Palestina e a ofensiva imperialista que se desdobra na ONU contra os movimentos de resistência. Para Pimenta, o organismo chefiado por Mahmoud Abbas “se converteu numa força policial a favor do sionismo”.
Segundo o dirigente, o caráter da Autoridade Palestina está em xeque. “A Autoridade Palestina está em uma encruzilhada, pois se apoiou nessas últimas três décadas aproximadamente no sionismo. Agora, a crise chegou a um ponto extraordinariamente grande, e o sionismo está prestes a liquidar a Autoridade Palestina”, afirmou. Ele explicou que a direção dessa entidade se aliou a planos como o apresentado por Emmanuel Macron, que propõe a criação de dois estados sob condições ditadas pelo imperialismo.
O problema, destacou, é que essa proposta só admite um Estado palestino desarmado, sem participação do Hamas ou de qualquer grupo de resistência. “Tudo depende do desarmamento do Hamas, do fim da resistência palestina e da não participação de nenhuma das forças de resistência na vida política do suposto Estado da Palestina. Isso é uma farsa”, denunciou. Para Pimenta, mesmo que se admitisse a política de dois estados, “no mínimo, que sejam dois estados soberanos, independentes e sem condicionamentos externos. Se é um estado de verdade, é o povo que deve decidir”.
Trump e a crise do imperialismo
Pimenta também analisou a atuação de Donald Trump no cenário internacional, em particular suas intervenções na ONU. Segundo ele, Trump representa um sintoma da falência da política imperialista tradicional. “Trump é uma figura bem fora do padrão, diferente dos políticos norte-americanos que governaram os EUA após a Segunda Guerra Mundial, que são todos homens intimamente ligados ao Estado imperialista. Trump é um estranho no ninho”, apontou.
O fato de alguém com esse perfil ter chegado à presidência dos Estados Unidos seria, para Pimenta, um indício do esgotamento do regime político do imperialismo. “O fato de uma pessoa tão incomum, independentemente do juízo de valor, estar na presidência dos EUA mostra o nível da crise do imperialismo, pois isso é um descontrole total em relação à política imperialista”, avaliou.
Entre as declarações de Trump, destacou-se a crítica à política ambiental e ao chamado aquecimento global, pilar da ofensiva imperialista sobre os países atrasados. “Os EUA nunca foram o país que mais defendeu a política ecológica, mas você tem um presidente da república que vem denunciar essa política da tribuna da ONU para todo mundo, e isso é uma crise total. Ele foi lá para avacalhar a política oficial do imperialismo”, resumiu Pimenta.
O dirigente lembrou ainda que a mudança de política sobre as questões climáticas mostra a manipulação do tema pelo imperialismo. “Antigamente você ouvia falar do esfriamento global, depois apareceu o aquecimento global. Como não aconteceu nem um nem outro, apareceu a mudança climática, que tanto pode ser frio quanto pode ser quente”, ironizou.
Oscilações e contradições
As falas de Trump, avaliou Pimenta, também revelam a instabilidade da própria política norte-americana. “Essa pirotecnia verbal do Trump, que solta fogos para tudo quanto é lado, elogia o Lula, mas impõe tarifas no Brasil… A da base do Afeganistão achei muito doida, e a declaração sobre a Ucrânia também. Isso mostra que a situação do Trump está muito complicada”, disse.
Para o presidente do PCO, essas posições não devem ser vistas como uma guinada consistente. “Se não for pura loucura, é uma tentativa de se livrar de problemas dos quais não consegue se livrar de jeito nenhum. Acho que é mais um jogo que ele faz para desorientar todo mundo”, completou.
O caso da Ucrânia
Outro ponto central do programa foi a guerra no Leste Europeu. Pimenta foi categórico: “o regime ucraniano é uma ditadura sustentada pelos países da dita democracia, os países imperialistas”. Para ele, não há expectativa de mudança nesse quadro. “O imperialismo vai sustentar o governo Zelensky até que aconteça uma crise na Rússia ou que não seja mais possível sustentar esse governo”, explicou.
Ele destacou ainda a agressividade cada vez maior das potências imperialistas. “Nós tivemos o caso da Polônia, o discurso do primeiro-ministro da Estônia falando que a Rússia é um imperialismo. Os sinais de provocação, de militarismo só aumentam, não diminuem minimamente”, afirmou.
No entanto, Pimenta sublinhou que a posição majoritária entre os países do mundo não é a mesma defendida pelo imperialismo. Ele citou como exemplo a votação recente na ONU sobre uma moção em favor da Ucrânia: apenas 36 países apoiaram a proposta. “A esmagadora maioria dos países votaram contra. A farsa está começando a se tornar evidente até no mundo oficial. Eu achei até surpreendente essa votação”, declarou.
O contraste entre a propaganda de setores da esquerda brasileira e a realidade mundial também foi lembrado. “No Brasil, a esquerda fala que a Ucrânia é o lado oprimido, mas você tem uma votação na ONU: os opressores votaram a favor, e os países atrasados todos votaram contra a moção”, concluiu.





