Minha geração foi extremamente nacionalista. Construir uma identidade brasileira era prioridade na música e nas artes. Idolatrávamos Villa-Lobos, a bossa nova, a MPB, o baião, o samba e o chorinho. E vimos tudo isso ir por água abaixo quando a ditadura militar arreganhou as pernas para a colonização cultural americana. Era rock e pop proveniente dos EUA o dia inteiro nas rádios. Como uma língua e uma cultura tão diferentes da nossa conseguiram sufocar a cultura brasileira, muito mais rica, sofisticada, diversa e familiar a nossos ouvidos?
Toda vez que escuto a Bachiannas Brasileiras nº 5, de Villa-Lobos, me volta esse sentimento de nacionalismo. São apenas 2 movimentos: “Ária (Cantilena)” e “Dança (Martelo)”. Embora a ária seja muito famosa (talvez a obra de Villa-Lobos mais tocada), a dança é minha preferida. Tem como letra um poema de Manuel Bandeira sobre os pássaros brasileiros. Brasileiro que ouvir e não derramar uma lágrima deveria procurar outro país pra morar.
