Na manhã desse sábado (8), caravanas e delegações de vários estados do País chegaram a São Paulo para participar do ato do Dia Internacional de Luta da Mulher Trabalhadora, organizado pelo Partido da Causa Operária (PCO) e pelo Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo.
A manifestação buscou se contrapor às manifestações de 8 de março convocadas pelas demais organizações da esquerda nacional, completamente tomadas por uma política eleitoreira, oportunista e identitária. O ato do PCO e do Coletivo Rosa Luxemburgo reuniu mulheres de diversas regiões com o objetivo de resgatar o caráter classista e revolucionário da data.
“É necessário um novo movimento de mulheres, e nós estamos aqui para impulsionar este novo movimento. Um movimento ligado às reivindicações da classe trabalhadora e que seja um movimento pela emancipação das mulheres”, explicou Perci Marrara, integrante do núcleo Coletivo Rosa Luxemburgo no Distrito Federal,
O evento teve início às 10h, na Praça do Patriarca, onde foi montado um palco especialmente para o Dia Internacional de Luta da Mulher Trabalhadora. Durante a concentração, Perciliane Marrara chamou representantes das delegações para fazer as primeiras falas.
Em sua fala, Hosana Anjos, militante do PCO em Pernambuco, homenageou a luta das mulheres palestinas e destacou a necessidade de uma luta “sem identitarismo e sem segmentação”. Em seguida, Laudilene, da Frente Nacional de Lutas (FNL), saudou as “mulheres guerreiras presentes” e também agradeceu o apoio de todos os que vieram para a manifestação. Coordenadora de um assentamento, ela veio de uma das caravanas do interior de São Paulo.
Em sua fala, Gisele, da Ocupação Nova Esperança, no Paraná e Movimento Popular por Moradia (MPM), fez também a sua saudação, destacando a necessidade de uma luta pelos direitos concretos das mulheres.
Ainda na concentração, Izadora Dias, coordenadora nacional do coletivo, aproveitou sua fala para explicar o motivo da convocação do ato independente:
“Nós realizamos este ato justamente para marcar a nossa posição contra o identitarismo. Essa política, que vem sendo promovida dentro da esquerda, é uma política imperialista e que procura justamente se opor à luta dos trabalhadores.”
A coordenadora destacou que a luta dos oprimidos só pode ser vitoriosa com uma unidade de todos os seus setores, e não com a segregação que o identitarismo propõe.
“A nossa luta tem que ser uma luta de classe, e não por questões secundárias. A gente vê que esse movimento tem colocado questões secundárias, discutindo até o que é mulher e o que não é mulher”.
Ela continuou falando dos direitos concretos pelos quais a mulher deve lutar.
“A gente tem que se preocupar em lutar em torno dos direitos essenciais da mulher. As questões ligada ao trabalho, ao cuidado das crianças, o direito ao aborto…”
Sob muitos aplausos, a coordenadora concluiu sua fala assinalando que a luta das mulheres é sobretudo uma luta contra a burguesia, destacando o caráter classista desta luta.
Após as falas na concentração, o ato saiu em passeata com carro de som.
Fazendo jus à tradição dos atos organizados pelo PCO, a manifestação foi acompanhada pela Bateria Zumbi dos Palmares.
Após a passeata, os manifestantes se dirigiram ao Centro Cultural Benjamin Péret, localizado no bairro da República. No local, foi servida uma deliciosa feijoada, enquanto as delegações se preparavam para assistir ao programa de análise política mais tradicional do Brasil: a Análise Política da Semana, com o presidente nacional do PCO, Rui Costa Pimenta.
Para encerrar com chave de ouro esse dia de mobilização em defesa da mulher trabalhadora, os manifestantes ainda puderam assistir a uma encenação exclusiva da peça Casa de Bonecas, de do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen.
Em declaração ao nosso Diário, Izadora Dias fez um breve balanço da atividade e considerou que os objetivos da manifestação foram atingidos:
“Conseguimos marcar a nossa posição em defesa do 8 de março como dia da mulher trabalhadora. A presença no público conta com essas mulheres, vieram mulheres de ocupações, como mulheres do MPM do Paraná”.