Uma mulher de 42 anos foi presa em flagrante pela Polícia Civil na rodoviária de Birigui (SP), na noite de 3 de março de 2025, por possuir uma cartela de Cytotec, medicamento abortivo proibido no Brasil. A prisão, chefiada pelo delegado Rodolfo Freschi Bertolo, é mais um capítulo da ofensiva repressiva contra as mulheres e suas reivindicações mais básicas, como o direito ao aborto. Com base em uma denúncia anônima, a polícia abordou a auxiliar de cozinha na rodoviária, onde ela chegava de São Paulo, e encontrou o remédio em sua bolsa. Acusada de comercializar o medicamento e auxiliar em abortos, ela agora enfrenta até 15 anos de prisão por um crime hediondo – pena maior que a do tráfico de drogas.
A operação expõe a perseguição política às mulheres num momento de escalada repressiva no País. A investigada tinha apenas uma cartela de Cytotec, mas isso bastou para que o Estado a jogasse atrás das grades.
Seus celulares apreendidos mostraram conversas sobre o uso e venda do remédio, mas ela aleou que comprou a cartela por suspeita de gravidez, porém planejava vendê-lo após menstruar. Sem acesso a direitos básicos, como o aborto legal e seguro, a vítima foi criminalizada por buscar uma solução para seu problema em um sistema que a abandona.
A polícia ignorou suas justificativas e a enquadrou no artigo 273 do Código Penal, sem chance de fiança na fase inicial. O caso escancara a hipocrisia da legislação brasileira.
O aborto é arbitrariamente criminalizado, empurrando mulheres à clandestinidade e à prisão. Sem essa repressão, não haveria nem o suposto comércio de medicamentos, nem a tragédia que agora se abate sobre essa trabalhadora. A proibição do Cytotec não protege a saúde, mas serve como arma para punir quem ousa desafiar a ditadura estatal sobre o corpo feminino.
Em um País onde a burguesia intensifica o cerco aos direitos populares, a prisão dela é um recado: o Estado quer silenciar as mulheres e sua luta por autonomia. A repressão não é um caso isolado, mas parte de uma política para sufocar as reivindicações femininas.
O direito ao aborto, reivindicação histórica das mulheres, é o alvo principal dessa prisão política. Só a mobilização pode reverter esse ataque. É hora de as mulheres se organizarem em comitês de luta, nas ruas e nos bairros, para pressionar pela legalização do aborto e o fim da perseguição.