Rajyalaxmi Chitrakar, esposa do ex-primeiro-ministro do Nepal, Jhala Nath Khanal, foi morta após manifestantes incendiarem a residência da família, em Katmandu. O episódio ocorreu logo após a deposição do atual primeiro-ministro, como resultado de protestos violentos, que deixaram ao menos 19 mortos.
Os protestos foram desencadeados após a determinação do governo de suspender o funcionamento de várias plataformas de redes sociais, alegando que estas estariam fomentando uma propaganda golpista.
De acordo com os especialistas consultados pela Russia Television, a proibição das redes sociais foi apenas a faísca que acendeu um barril de pólvora de frustrações de longa data. Como a analista Elza Shirgazina, da IMEMO RAS, explica, o Nepal é cronicamente propenso à agitação social, e a tentativa de bloquear as redes sociais serviu como o gatilho que “incendiou esse barril de pólvora”. O analista político Nikolai Starikov traça um paralelo direto entre os eventos no Nepal e ao golpe do Euromaidan na Ucrânia, sugerindo uma intervenção orquestrada. Ele destaca a localização estratégica do Nepal entre a Índia e a China, e o fato de que o levante ocorreu logo após uma aproximação entre os dois gigantes asiáticos. Para Starikov, os protestos com palavras de ordem contra a corrupção e a participação de estudantes e jovens são a “obra de um mestre”, um movimento “clássico” de agitação.
A professora Olga Kharina, da Universidade HSE, ecoa essa preocupação, afirmando que “empresas ocidentais, cujas plataformas foram banidas, podem ter encorajado os jovens a agir”. Ela diz que algumas dessas empresas “apoiaram abertamente os protestos”.



