Muhammad Ali al-Taher nasceu em Nablus no ano de 1896, filho de Aref al-Taher e Badi’a Kurdiye. Seu pai, Aref, matriculou-o em uma escola religiosa em Jafa, onde cursou o ensino primário. Até onde se sabe, foi lá que recebeu sua educação formal.
Muhammad casou-se com Zakia al-Bizri, com quem teve um filho, Hassan, e duas filhas, Jihad e Muna. Foi também em Jafa que cresceu e trabalhou como correspondente do jornal Fatah al-Arab (A Juventude Árabe), sediado em Beirute. Em 1914, aos 18 anos, publicou um artigo intitulado “Sionistas na Palestina”, no qual alertava sobre os perigos do sionismo. Isso demonstra que a confrontação com o sionismo não começou no final da década de 1940, mas há mais de um século.
No período em que escreveu esse artigo, às vésperas da Primeira Guerra Mundial, Taher fugiu para o Cairo, no Egito. No entanto, devido às suas atividades políticas, como a colaboração com o Fatah al-Arab, as autoridades egípcias o mantiveram preso por dois anos, de 1915 a 1917, primeiro em Alexandria e depois em Gizé.
Ao final da guerra, ele retornou à Palestina, onde se tornou editor do jornal Suriya al-Janubiyya (Síria do Sul), sediado em Jerusalém, ao mesmo tempo em que colaborava como correspondente para outros jornais em Beirute e Damasco.
Foi nomeado para o Departamento de Correios e Telégrafos em Nablus, mas renunciou ao cargo ao descobrir que as autoridades do Mandato Britânico planejavam implementar o projeto sionista na região. Neste momento, ele deixou a Palestina e retornou ao Cairo, onde abriu uma modesta loja no bairro de Sayyidna Hussein, próximo à Mesquita de Al-Azhar, importando e vendendo azeite de oliva de Nablus, pelo qual a cidade era famosa. Mesmo se tratando de um pequeno estabelecimento comercial, com o tempo, a loja tornou-se um ponto de encontro para nacionalistas egípcios e de outras regiões do mundo árabe e islâmico que buscavam refúgio no Egito.
Em 1921, Muhammad estabeleceu o Escritório de Informação Árabe-Palestino no Cairo e fundou o Comitê Palestino, composto por palestinos, egípcios e outros árabes, incluindo escritores, poetas, jornalistas e advogados. O comitê tinha como objetivo conscientizar a população egípcia, árabe e muçulmana sobre a luta do movimento nacionalista na Palestina, expressando solidariedade por meio de declarações e apelos.
Nesse período, Taher escreveu diversos artigos sobre a Palestina, publicados em jornais egípcios como o al-Liwaaʾ al-Masri (O Padrão Egípcio), nos quais alertava sobre os perigos do sionismo e dos planos britânicos para estabelecer um Estado judeu. Ele também estabeleceu relações próximas com importantes nacionalistas egípcios, como Muhammad Hussein Haykal, editor-chefe do jornal al-Siyasa (Política).
Em 1924, Taher fundou o jornal semanal al-Shura (A Consulta), cuja primeira edição foi publicada em 22 de outubro daquele ano. O jornal apoiava as lutas dos povos árabes e seus movimentos de libertação, o que fez com que fosse proibido em vários territórios sob domínio colonial britânico, especialmente na Palestina, na Síria e no Líbano. Para contornar a censura, ele utilizava pseudônimos como al-Nas, al-Minhaj, al-Jadid, al-Shabab e al-ʿAlam, que eram nomes de outros jornais cujos proprietários permitiam o uso.
Em 1925, Taher visitou a Palestina e testemunhou o crescimento das colônias sionistas, intensificando sua campanha contra sionistas e britânicos. De volta ao Egito, manteve-se conectado aos acontecimentos palestinos e, em 1931, foi nomeado representante oficial do movimento nacionalista palestino no Egito. No mesmo ano, participou da organização do Congresso Pan-Islâmico em Jerusalém, relatando sua experiência no livro Nazarat al-Shura (Perspectivas sobre Consulta), publicado em 1932.
Pouco antes da Revolta Árabe (1936-1939), Taher visitou a Palestina, mas foi obrigado a deixar o país pelas autoridades britânicas. Retornando ao Cairo, dedicou-se a divulgar os objetivos da revolta e a denunciar as ações do Mandato Britânico, compilando essas informações no livro Filastin Ard al-Shuhadaʾ (Palestina, Terra dos Mártires). No entanto, a polícia confiscou as placas de impressão e as cópias já impressas, impedindo sua publicação.
Com a Segunda Guerra Mundial, as autoridades britânicas no Egito perseguiram Taher, que foi preso em 1941. Ele escapou e viveu escondido por onze meses, relatando sua experiência no livro Zalam al-Sijn (A Escuridão da Prisão).
Em 1947, criticou a ONU por aprovar o Plano de Partilha da Palestina e responsabilizou a Grã-Bretanha pelas atrocidades cometidas. A Nakba palestina (1948) o deixou amargurado. Quando foi convidado para participar do Governo de Toda a Palestina, recusou para preservar sua liberdade de expressão.
Muhammad Ali al-Taher faleceu em 22 de agosto de 1974, em Beirute, e foi enterrado com honras militares palestinas. Ao longo da vida, recebeu várias honrarias, incluindo do rei Muhammad V do Marrocos e do presidente tunisiano Habib Bourguiba. Seu legado e suas obras são um retrato da luta de libertação do povo palestino.


