Na noite deste sábado (05/04) morreu no Hospital Estadual Costa das Baleias (HECB), em Teixeira de Freitas, o índio Pataxó João Celestino Lima Filho, de 50 anos que foi baleado por latifundiários na retomada da Fazenda Japara Grande, município Prado, Extremo Sul da Bahia.
O Pataxó João Celestino estava internado há um dia na unidade hospitalar após o tiro no abdômen, mas não resistiu à gravidade dos ferimentos e morreu. Agora são quatro índios assassinados em três semanas nos municípios de Porto Seguro e Prado após uma ofensiva de latifundiários, grileiros e governo do estado da Bahia contra os índios para impedir a demarcação das terras de índios Pataxó na região.
No dia 11 de março, Vitor Braz e outro índio que estava na garupa sofreram uma embocada e foi assassinado. Eles eram moradores da Aldeia Terra Vista, próximo a aldeia Boca da Mata e sofreram o ataque a caminho de sua residência.
No dia 16 de março, o índio Pataxó Célio Santana Neves, de 33 anos, estava encostado em uma cerca, quando uma motocicleta com dois homens encapuzados chegou ao local e realizaram a execução também na aldeia Boca da Mata.
No dia 28/03, o índio Pataxó identificado como Wanderson foi brutalmente assassinado a tiros quando voltava para sua casa na Aldeia Boca da Mata, dentro da Terra Indígena Barra Velha do Monte Pascoal, município de Porto Seguro.
Violência aumenta com perseguição do estado aos índios
O governo do estado da Bahia, do petista Jerônimo Rodrigues, atendeu um pedido dos latifundiários e grileiros de terra da região para reprimir os índios. Após reuniões com lideranças da direita latifundiária e políticos da extrema direita ligado a policiais militares, foi lançada a Operação Pacificar pelos secretários de Relações Institucionais (Serin), Adolpho Loyola, e da Segurança Pública (SSP-BA), Marcelo Werner.
A operação reprimiu e prendeu 25 índios e 11 ainda se encontram encarcerados, além de identificar todos Pataxó que estavam nas retomadas e deu “Carta Branca” para que os latifundiários e pistoleiros avançassem com seus ataques e violência.
Esse é o quarto assassinato e o governo do estado não fez sequer uma declaração de apoio aos índios Pataxó ou enviam o aparato policial para reprimir os latifundiários e pistoleiros que estão matando os índios.
MPI e Ministério da Justiça tratam situação com desdém
O caso do povo Pataxó e o Extremo Sul da Bahia representa um dos mais violentos dos últimos anos, atrás somente dos Guarani-Caiouá do Mato Grosso do Sul, liderados pelo governador tucano Eduardo Riedel.
Em vez de colocar como prioridade, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, trata a situação como secundária a situação dos Pataxó, que estão sendo assassinados, perseguidos pelo estado e que convive com o grupo fascista Invasão Zero.
A Ministra prefere ir receber prêmios, abraçar celebridades internacionais e falar do problema do “clima”, pautas para aparecer nos meios de comunicação que atuam contra os índios, como a Rede Globo, mas que não ajudam em nada a questão dos índios, muito menos nas áreas de conflito.
Na Audiência Pública organizada pelo Ministério Público Federal (MPF) no dia 11/03 para debater a regularização fundiária das Terras Indígenas Tupinambá de Olivença, Tupinambá de Belmonte e Barra Velha do Monte Pascoal, a Ministra sequer compareceu e enviou um representante do Ministério dos Povos Indígena recém-empossado que claramente não sabia o que estava acontecendo.
Já o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, atrasou três horas para a reunião com as lideranças Pataxó, disse que somente três índios poderiam falar e que a reunião teria que ser muito rápida porque tinha uma “celebração” para comparecer. Desconsiderou totalmente o Povo Pataxó e a violência que vem sofrendo.
Uma das principais tarefas é denunciar o papel de capacho dos latifundiários do governo do petista Jerônimo Rodrigues e dos ministros Ricardo Lewandowski e Sonia Guajajara. Fazem muita demagogia com a questão do índio, mas na verdade realizam um grande descaso para não se chocar com os latifundiários e a direita nacional.
Outras tarefas são a criação de comitês de autodefesa diante da violência do latifúndio e do estado, liberdade para os 11 índios presos políticos do governo da Bahia e fim do Grupo de Trabalho sobre conflitos do extremo sul da Bahia até a liberdade dos Pataxó que estão na Penitenciária de Teixeira de Freitas e organizada pelos executores da criminosa Operação Pacificar para caçar as lideranças Pataxó.