Nesse domingo (24), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, solicitou a extradição de seu ex-assessor Eduardo Tagliaferro, que atualmente reside na Itália. A medida foi tomada após Tagliaferro ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por supostos crimes como violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
Segundo a PGR, Tagliaferro, que atuou como assessor de Moraes durante sua presidência no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), teria vazado informações confidenciais obtidas no exercício de sua função. O objetivo seria obstruir investigações e beneficiar interesses de terceiros.
A denúncia aponta que o ex-assessor teria revelado diálogos sigilosos com servidores do STF e do TSE para a imprensa e publicamente. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirma que o vazamento de informações tinha o propósito de “tentar colocar em dúvida a legitimidade e a lisura de importantes investigações”.
Ainda de acordo com a PGR, Tagliaferro teria ameaçado, após deixar o Brasil, revelar novas informações sigilosas obtidas em razão de seu cargo. Gonet sustenta que essa conduta configura coação no curso do processo e demonstra um alinhamento do ex-assessor com a organização criminosa investigada nos inquéritos.
O pedido de extradição foi formalizado e encaminhado pelo Ministério da Justiça ao Itamaraty, que deve repassá-lo ao governo italiano. Tagliaferro se mudou para a Itália e, de lá, pretende apresentar uma denúncia contra o ministro Alexandre de Moraes ao Parlamento europeu.
Eduardo Tagliaferro, por sua vez, alega ser vítima de perseguição política. Em suas redes sociais, ele afirmou que revelaria os bastidores do gabinete de Moraes, dizendo ter “bastante coisa” contra o ministro, que, segundo ele, “destruiu sua vida e a de várias pessoas”.
Sua defesa se manifestou, afirmando que a denúncia da PGR carece de uma única palavra sobre as informações que o ex-assessor teria revelado. A nota da defesa classifica a ação como uma “perseguição direcionada a quem foi vítima de um telefone indevidamente apreendido e, apenas, confirmou o teor das informações constantes nas mensagens”. A defesa de Tagliaferro alega que ele teme por sua vida e que revelará informações que “merecem ser analisadas com o rigor da lei para a moralização do país”.
Tagliaferro tem recebido apoio de grupos bolsonaristas e faz coro a críticas contra o ministro Alexandre de Moraes e as ações do STF, especialmente em investigações que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. A extradição, caso seja concretizada, trará Tagliaferro de volta ao Brasil para responder às acusações. A situação intensifica o cenário de tensão política e jurídica, com um ex-colaborador de uma das figuras mais proeminentes do Judiciário brasileiro se tornando um de seus mais contundentes opositores.





