Na última sexta-feira (31), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), realizou seu depoimento para o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o caso da suposta tentativa de golpe de Estado por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro após as eleições de 2022.
A oitiva de Tarcísio foi breve, de cerca de 10 minutos. O governador é uma das testemunhas da defesa de Bolsonaro, que é um dos 31 réus no processo em questão.
No depoimento, o governador afirmou que, no período em que Bolsonaro estaria tramando o golpe de Estado, o assunto de “ruptura institucional” nunca veio à tona — muito pelo contrário, o ex-presidente teria expressado medo de que “a coisa desandasse”, afirmando que Bolsonaro estaria “triste” na reta final do seu governo, após a derrota nas eleições.
“O único comentário [de Bolsonaro] era que lamentava. Foi um período de situações difíceis, crises graves, Brumadinho, Covid, crise hídrica, guerra da Ucrânia e todas elas da melhor forma possível, terminamos com superávit. A preocupação era que a coisa desandasse, uma preocupação com o futuro do país”, afirmou Tarcísio.
Ele ainda afirmou que a investigação contra o ex-presidente é uma “narrativa” e “carece de provas”.
Uma situação de destaque foi que apenas Celso Vilardi, advogado da defesa de Bolsonaro, fez perguntas ao governador. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, e o ministro do STF, Alexandre de Moraes, optaram por ficar calados.
A diferença de tratamento, sobretudo de Moraes, em relação aos demais depoentes é gritante. Em um dos últimos depoimentos, Moraes ameaçou prender o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo por desacato simplesmente porque emitiu sua opinião. O ministro do STF pegou tão leve com Tarcísio que a imprensa burguesa teve que entrar na jogada, afirmando que o governador omitiu ou mentiu ao elogiar e defender Bolsonaro.
De acordo com artigo da Folha de S.Paulo, bolsonaristas acreditavam que a atitude de Tarcísio seria dura e que o governador aproveitaria a situação para tecer críticas ao STF de maneira mais clara e concisa. Já Bolsonaro afirmou que “Tarcísio foi preciso e conciso”, não fomentando uma briga aguardada pela imprensa e por apoiadores.
Tarcísio declarou ter mantido conversas com Bolsonaro entre novembro e dezembro de 2022. Ao ser questionado sobre o conteúdo dessas conversas, Tarcísio assegurou que Bolsonaro “jamais” mencionou a ele planos de golpe de Estado. “Jamais, nunca, assim como nunca tinha acontecido durante o meu período no ministério”, afirmou Tarcísio.
A defesa de Bolsonaro nega a participação do ex-presidente em crimes e argumenta, entre críticas à denúncia da PGR, que não há provas de ligação entre a suposta conspiração iniciada no Palácio do Planalto, em junho de 2021, e os atos de 8 de janeiro de 2023.
Outro recebido para depor no STF foi o general Gustavo Henrique Dutra. O destaque de seu depoimento foi ter afirmado que se reuniu com o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, para discutir a desmobilização dos acampamentos em frente ao quartel-general do Exército em janeiro de 2023, poucos dias antes dos atos.
Em depoimento ao STF, Dutra afirmou que o encontro, realizado no dia 6 de janeiro de 2023, foi um “café de cortesia”, no qual mostrou fotos a Torres e relatou que os acampamentos estavam praticamente vazios, com cerca de 200 pessoas, “quase todos moradores de rua”.
No depoimento, o general explicou que as conversas com Torres focaram na remoção dos acampamentos, enfatizando que a área já estava desocupada. A secretária Ana Paula Marra corroborou o encontro, confirmando que o tema foi a retirada das barracas e o apoio social aos presentes.





