Milhares de palestinos retornaram ao norte de Gaza, após 15 meses de deslocamento forçado devido à ofensiva genocida realizada pelas forças armadas israelenses. Essa cena, descrita como “lendária” pelos partidos da Resistência, foi uma impressionante demonstração da derrota de “Israel” e da vitória de um povo martirizado, mas determinado em lutar por sua terra e sua sobrevivência, sendo uma contundente derrota política e militar da ocupação sionista.
Desde o início da última segunda-feira (27), milhares de civis atravessaram a rua costeira al-Rashid e o cruzamento de Netzarim a pé, levando consigo apenas a esperança de encontrar seus lares, agora em ruínas. A decisão de retornar foi possível graças a um acordo mediado entre a Resistência Palestina e o regime de “Israel”, que envolveu a libertação de prisioneiros palestinos em troca de cativos israelenses. Conforme anunciou o principal partido da Resistência, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), três israelenses serão libertados até sexta-feira (31).
Em meio a essa vitória, o Hamas publicou uma nota informando que “o retorno dos deslocados é uma derrota inequívoca para o inimigo sionista. As cenas que testemunhamos confirmam o vínculo indissolúvel do povo palestino com sua terra e provam o fracasso da ocupação em atingir seus objetivos agressivos de deslocamento e de quebra da vontade do nosso povo”. O partido palestino também exortou à intensificação do envio de ajuda humanitária e suprimentos para toda a Faixa de Gaza, ressaltando a resistência como chave para o retorno pleno da soberania palestina.
Segunda maior organização revolucionária do país ocupado, a Jiade Islâmica destacou o caráter “épico” do retorno, descrevendo-o como “uma resposta àqueles que sonharam em forçar o êxodo dos palestinos”. Em sua declaração, afirmou que a “perseverança do nosso povo destruirá qualquer ilusão sionista de roubar a nossa alegria” e reafirmou o compromisso de continuar rompendo as cadeias impostas pelo opressor.
Se o povo palestino celebra, porém, a extrema direita israelense vive uma crise interna que se acirra. O agora ex-Ministro da Segurança Nacional de “Israel” Itamar Ben-Gvir, figura central do bloco mais radical da direita sionista, manifestou sua insatisfação com o acordo de cessar-fogo que possibilitou o retorno. Em sua conta no X, Ben-Gvir declarou:
“A abertura do corredor de Nitzanim hoje e a entrada de dezenas de milhares de habitantes de Gaza no norte da Faixa são imagens da vitória do Hamas e mais uma humilhação no acordo desleixado. Não parece uma ‘vitória completa’ – parece uma rendição completa. Os bravos soldados do IDF não lutaram e não deram suas vidas na Faixa para permitir essas imagens. Precisamos voltar à guerra – e destruir!”
Ele também atacou duramente a liderança militar, afirmando que “os soldados heroicos das FDI (Forças de Defesa de Israel, eufemismo usado pela propaganda sionista para apresentar seu exército de ocupação) não lutaram e deram suas vidas para que essas fotos fossem possíveis”. A posição de Ben-Gvir reflete não apenas uma rejeição ao acordo em si, mas também o agravamento das divisões dentro do governo israelense. Sua renúncia ao cargo neste mês foi uma tentativa de pressionar por uma postura mais agressiva contra os palestinos.
Enquanto isso, o Encontro Nacional de Tribos, Clãs e Famílias palestinas declararam que:
“O retorno do nosso povo hoje nos dá esperança e até mesmo a certeza absoluta de que retornaremos às nossas terras, cidades e vilarejos dos quais fomos desalojados em 1948 na Palestina histórica, para a qual não aceitamos alternativa, independentemente da pressão e da aniquilação, assim como também nos dá esperança pelo retorno de todos os nossos prisioneiros, que voltarão a respirar liberdade e vida”.
O acordo de cessar-fogo que permitiu o retorno foi alcançado após mediação intensa, uma vez que o regime israelense havia inicialmente bloqueado os caminhos de retorno dos palestinos. Condições foram impostas, como a libertação de Arbel Yehud e outros dois israelenses, mas o Hamas obteve a garantia de que os deslocados poderiam voltar imediatamente ao norte. Apesar da tensão que envolve cada passo desse processo, a Resistência considera o retorno um marco na luta palestina pela reconquista de seus territórios e pela autodeterminação.
Em um momento em que os partidos palestinos exaltam a coragem de seu povo, “Israel” enfrenta uma crise política e uma derrota que reforça o fracasso de sua política de deslocamento forçado. A Resistência não apenas devolveu ao seu povo a dignidade de voltar para casa, mas também deixou claro que a luta contra a ocupação segue viva, desafiando qualquer tentativa de aniquilação.