Driss Mrani

Fundador e presidente do Movimento Progressista Marroquino, que visa promover princípios progressistas no Marrocos derrubando a monarquia totalitária que serve ao imperialismo e, então, estabelecer uma república democrática na qual todos os segmentos do povo marroquino participem sem descriminação

Coluna

Mohamed Al-Khattabi, Cheguevara e a luta anticolonial

"Mohamed Abdel Karim Al-Khattabi foi mais do que um líder militar; ele representou a luta dos índios do norte da África contra a dominação colonial"

Mohamed Abdel Karim Al-Khattabi (1882–1963) foi um líder militar e político marroquino que se destacou na luta contra o colonialismo espanhol e francês no início do século XX. Ele é lembrado como um dos grandes estrategistas da guerra de guerrilha e um símbolo da resistência dos povos do norte da África.

Origens e formação

Al-Khattabi nasceu na região do Rif, no norte do Marrocos, em uma família berbere. Seu pai era um líder tribal respeitado, o que lhe proporcionou uma educação privilegiada para a época. Ele estudou teologia e direito islâmico, além de ter contato com o sistema de ensino ocidental enquanto viveu em Melilla, uma possessão espanhola no Marrocos.

A Guerra do Rif (1921–1926)

Com o avanço do colonialismo europeu no norte da África, Al-Khattabi tornou-se um dos principais opositores da presença estrangeira no Marrocos. Em 1921, liderou a revolta das tribos rifenhas contra o domínio espanhol. Seu exército, muito menor e com menos recursos, conseguiu uma vitória impressionante na Batalha de Annual, onde mais de 10.000 soldados espanhóis foram mortos ou capturados.

Após essa vitória, Al-Khattabi proclamou a República do Rif, um Estado independente que desafiava a ocupação europeia. Sua administração buscava modernizar a região e fortalecer a autonomia dos povos locais. No entanto, a resistência do Rif despertou a reação das potências coloniais.

Em 1925, a França uniu forças com a Espanha para derrotar a revolta. Com um exército de mais de 500.000 soldados, o uso de armas químicas e bombardeios aéreos, os colonizadores conseguiram reverter a situação. Em 1926, Al-Khattabi rendeu-se para evitar mais destruição ao seu povo.

Exílio e legado

Após sua captura, os franceses o enviaram para o exílio na Ilha da Reunião, no Oceano Índico, onde permaneceu por mais de 20 anos. Em 1947, durante uma transferência para a França, ele conseguiu fugir e se exilou no Egito, onde continuou a apoiar movimentos de independência no mundo árabe e africano.

Foi no Egito que, em 1959, Al-Khattabi recebeu um visitante ilustre: Ernesto “Che” Guevara. Durante uma visita ao Cairo para se encontrar com Abdel Nasser, Guevara pediu um encontro com o homem que considerava seu mentor na guerra de guerrilha e um exemplo vivo no qual se inspiraria até seu último suspiro na Bolívia. Passaram uma tarde inteira conversando em espanhol, língua que Al-Khattabi dominava perfeitamente, além de amazigh, sua língua materna, árabe, francês e inglês. O encontro entre os dois revolucionários simbolizou a continuidade da luta contra a dominação colonial e imperialista em diferentes partes do mundo.

Mohamed Abdel Karim Al-Khattabi faleceu em 1963 no Cairo, sem nunca retornar ao Marrocos. Sua luta e estratégias inspiraram diversos movimentos de resistência anticolonial na África e no mundo.

Conclusão

Mohamed Abdel Karim Al-Khattabi foi mais do que um líder militar; ele representou a luta dos índios do norte da África contra a dominação colonial. Seu legado transcendeu fronteiras e influenciou líderes revolucionários em todo o mundo, incluindo Che Guevara. Sua história continua sendo um exemplo de coragem, estratégia e determinação na defesa da soberania e identidade cultural.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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