Nesse domingo (6), apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) voltaram a realizar uma manifestação pública, reforçando a sua capacidade de mobilização. Desta vez, o palco escolhido foi a Avenida Paulista, principal local de manifestação, tanto da esquerda quanto da direita, na cidade de São Paulo.
De acordo com levantamento feito pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e pela ONG More in Common, a manifestação reuniu 44.900 pessoas. O grupo analisa imagens feitas a partir de veículos aéreos não tripulados (VANTs) sobre o local da manifestação.
Valendo-se do mesmo método, foi feito o levantamento da última manifestação bolsonarista, ocorrida em Copacabana, no Rio de Janeiro, durante o mês de março. Segundo o mesmo grupo, a manifestação daquele momento reuniu pouco mais de 18 mil pessoas. O novo ato convocado por Bolsonaro, portanto, além de ser visivelmente, a olho nu, maior que o ato anterior, também reuniu, de acordo com as estatísticas, 2,5 vezes mais pessoas.
O mesmo grupo responsável por este levantamento ainda analisou as imagens da manifestação convocada por forças governistas no dia 31 de março, exigindo a prisão de Bolsonaro. Segundo o levantamento, menos de 7 mil pessoas atenderam ao chamado da esquerda na Avenida Paulista.
Do ponto de vista numérico, o bolsonarismo se consolida como o setor da política brasileira com maior capacidade de mobilização no momento. Nos últimos dois anos, o únicos atos convocado pelo governo federal, chefiado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), foram os de primeiro de maio, que reuniram pouco mais de mil pessoas. Em dois anos e meio de governo, a esquerda não conseguiu realizar um único ato que chegasse próximo ao público presente na Avenida Paulista para prestigiar o líder da extrema direita.
A manifestação bolsonarista também chamou a atenção pela radicalização de seus participantes. Bolsonaro acusou abertamente o Supremo Tribunal Federal (STF) de tentar dar um golpe de Estado no Brasil, que consistiria na sua prisão e possivelmente em seu assassinato. Seguindo o mesmo tom, apoiadores do ex-presidente criticaram pessoalmente os ministros do STF, chegando a chamar o presidente da Corte de “bandido”.
Esta foi a primeira manifestação bolsonarista desde que o ex-presidente se tornou réu por tentativa de golpe de Estado. Ao contrário do que vem sendo dito pelos articulistas da esquerda nacional, a perseguição judicial contra Bolsonaro, longe de livrar o País da extrema direita, está contribuindo para a radicalização de sua base de apoio.