O ministro das Finanças de “Israel”, Bezalel Smotrich, prometeu anexar 82% da Cisjordânia ocupada, ameaçando ainda desmantelar a Autoridade Palestina.
Falando em uma coletiva de imprensa em Jerusalém ocupada, Smotrich se colocou diante de um mapa que mostrava o plano de apropriação da maior parte da Cisjordânia, excluindo apenas seis grandes cidades palestinas, como Ramala e Nablus, segundo a agência britânica Reuters. Ele vangloriou-se de querer impor a chamada “soberania” sobre 82% do território, declarando: “é hora de aplicar a soberania israelense na Judeia e Samaria e remover de uma vez por todas a ideia de dividir nossa pequena terra e estabelecer um Estado terrorista em seu coração”.
Smotrich foi além, ameaçando desmantelar a Autoridade Palestina (ANP): “se a Autoridade Palestina ousar se levantar e tentar nos prejudicar, vamos destruí-los assim como fazemos com o Hamas”.
As declarações do ministro seguem o anúncio, em 14 de agosto, do controverso plano de assentamento E1, que ligaria o bloco ilegal de Ma’ale Adumim a Jerusalém ocupada. Há muito tempo rotulado por diplomatas e organizações de direitos humanos como um “assentamento do juízo final”, o projeto dividiria a Cisjordânia, separando Jerusalém Oriental do restante do território palestino. Na ocasião, Smotrich prometeu: “vamos enterrar a ideia de um Estado palestino de uma vez por todas… e, até setembro, a Europa não terá nada a reconhecer”.
Em paralelo, novos postos ilegais foram estabelecidos por toda a Cisjordânia nas últimas semanas. Em 31 de agosto, colonos ocuparam um novo bairro chamado Aviad, perto de Kiryat Arba, nos arredores de al-Khalil, em um passo que o conselho de assentamentos descreveu como “histórico”, projetado para cortar a continuidade territorial palestina de al-Khalil até o deserto do Naqab.
A declaração de Smotrich também se apoia em discussões recentes no Gabinete de Segurança de “Israel”. Segundo a imprensa israelense, o gabinete debateu a aplicação da “soberania” sobre áreas selecionadas da Cisjordânia enquanto França e outros países europeus se preparam para reconhecer a Palestina na Assembleia Geral da ONU. Embora o primeiro-ministro Benjamin Netaniahu tenha se mostrado cauteloso, autoridades norte-americanas disseram a seus colegas israelenses que “a decisão sobre a soberania está nas mãos de ‘Israel’”, mensagem amplamente interpretada como uma aprovação tácita.
Em agosto, o presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Mike Johnson, endossou o plano durante uma visita à Cisjordânia, prometendo eliminar o termo “Cisjordânia” do discurso oficial norte-americano.





