Os ativistas Kamram Ahmed (28 anos) e Amy Gardiner-Gibson (30 anos), grupo britânico Ação Palestina, foram hospitalizados no último sábado (20) após uma greve de fome de 44 e 50 dias, respectivamente. O primeiro encontrava-se detido na prisão HMP Pentonville, localizada em Londres. Já Amr estava em Bronzefield, no sudoeste da Inglaterra.
Outra ativista, Qesser Zurah, também detida em Bronzefield, foi hospitalizada na semana passada após 50 dias sem ingerir alimentos. Sua situação de saúde foi descrita como “crítica”, e sua vida corria grave risco, segundo declarações de familiares à imprensa.
Os ativistas fazem parte de um coletivo de seis prisioneiros políticos que protestam por meio da greve de fome em cinco prisões inglesas. Todos são membros da organização Ação Palestina. As acusações contra eles incluem roubo, danos criminosos e desordem violenta.
O governo trabalhista britânico solicitou à Justiça permissão para declarar o movimento Ação Palestina como “organização terrorista”. O Judiciário concedeu a autorização e, em 5 de julho deste ano, o movimento passou a integrar a lista de organizações terroristas. A participação ou associação à organização pode resultar em até 14 anos de prisão.
A caracterização da Ação Palestina como “organização terrorista” a coloca, na visão das autoridades britânicas, em pé de igualdade com grupos como o Estado Islâmico do Iraque e Síria (ISIS) e a Al-Qaeda.
A organização Ação Palestina se notabilizou por campanhas de protesto de rua, mobilização direta e ações de sabotagem contra o envio de armamentos para o Estado de “Israel”. Dois ativistas chegaram a entrar na base militar de Brize Norton, pertencente à Força Aérea Real, em Oxfordshire, e também tentaram interromper as atividades da subsidiária da empresa israelense Elbit Systems em Bristol. O objetivo dessas ações era chamar a atenção da opinião pública mundial para o apoio dado pelo governo britânico ao genocídio contra o povo palestino na Faixa de Gaza.
A greve de fome dos prisioneiros políticos começou quando direitos democráticos, como comunicação postal, chamadas telefônicas e visitas de familiares, passaram a ser restringidos pelas autoridades inglesas. O movimento protesta contra as detenções arbitrárias, mas também reivindica o fechamento de todas as empresas ligadas ao regime sionista, o fim do banimento da Ação Palestina e a liberdade de todos os prisioneiros mediante pagamento de fiança.
Os advogados dos ativistas solicitaram uma reunião com o Ministro da Justiça, David Lammy, com o objetivo de expor o grave risco enfrentado pelos prisioneiros políticos. O governo britânico negou os pedidos, alegando que as detenções seguem os protocolos legais estabelecidos.
O movimento Ação Palestina foi fundado em 2020, quando militantes invadiram e pintaram de vermelho o Quartel-General da Elbit Systems na Inglaterra, empresa considerada a mais importante na produção de armamentos de “Israel”. Em diversas ocasiões, seus ativistas atuaram para impedir o funcionamento ou expor à opinião pública corporações ligadas ao complexo industrial-militar sionista.
A Elbit Systems tornou-se alvo prioritário dos membros da Ação Palestina desde sua fundação. Como resultado, várias empresas romperam contratos com a Elbit, gerando bilhões em perdas e desinvestimentos. Os ativistas argumentam que os danos à propriedade da empresa são justificados pela necessidade de prevenir milhões de mortes.
Em agosto de 2024, seis ativistas da Ação Palestina destruíram armas no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Elbit Systems em Filton, Bristol. Um veículo aéreo não tripulado (VANT) quadricóptero, utilizado no genocídio da Faixa de Gaza, foi danificado, causando um prejuízo de cerca de 1,5 milhão de dólares à empresa. Todos os ativistas foram presos em flagrante por desordem violenta e assalto. Posteriormente, outros doze ativistas foram detidos em conexão com a ação direta.
São cada vez mais comuns, na imprensa internacional, imagens e vídeos de pessoas acusadas de “terrorismo” pela polícia britânica em virtude de ligação real ou presumida com a Ação Palestina. Nas redes sociais, registros de jovens e idosos sendo presos em protestos nas ruas tiveram um amplo alcance.



