Dezenas de milhares de israelenses se reuniram na noite deste sábado (5) no centro de Telavive, lotando a Praça Kaplan, em um dos maiores protestos vistos desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro de 2023. Os manifestantes exigiram um acordo de troca de prisioneiros abrangente e imediato com o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e pediram o fim da guerra em andamento na Faixa de Gaza. As reivindicações coincidem com o que o Hamas declarou no dia anterior, quando se mostrou disposto a trocar todos os prisioneiros e cessar as agressões. Por outro lado, o protesto se choca com o governo israelense, que, mesmo após o Hamas indicar a disposição para um acordo, intensificou as agressões, assassinando mais de 70 palestinos em 24 horas.
Manifestações semelhantes foram relatadas em várias outras localidades da Palestina Ocupada, com manifestantes pedindo ao governo que priorize a libertação dos prisioneiros mantidos em Gaza em vez da continuação das operações militares.
Muitos carregavam faixas com os dizeres: “Tragam-nos de volta agora” e “Acordo agora”, enquanto outros pediam o fim da guerra, argumentando que ela falhou em atingir seus objetivos e está apenas causando mais derramamento de sangue.
A primeira a discursar foi Einav Zangauker, mãe do prisioneiro Matan Zangauker, que alertou contra a interferência política que poderia obstruir um acordo. Ela disse:
“[primeiro-ministro Benjamin] Netaniahu, o povo de ‘Israel’ quer este acordo. Não nos tire a respiração. Não destrua nossa esperança de trazer os reféns para casa… Negligenciá-los é a destruição de Israel. O que está entre Matan e eu, entre os reféns e você, entre a loucura e a sanidade, é o primeiro-ministro Benjamin Netaniahu! O Hamas concordou com o plano, o pesadelo está terminando. Tudo depende de um único homem, Netaniahu! Traga todos de volta, agora!”
Zanguakar já havia alertado contra tentativas de sabotagem que poderiam inviabilizar um acordo de cessar-fogo, dizendo:
“Nunca estivemos tão perto de receber Matan e todos os reféns. Eu sei que, à medida que nos aproximamos, Ben-Gvir, Smotrich e Netaniahu farão de tudo para frustrar a chance de abraçar Matan. Estes são dias críticos… Não podemos deixar a zona de negociação para os sabotadores; não podemos perder esta oportunidade.”
Milhares de israelenses foram às ruas de Telavive em protestos contra o regime, exigindo que Netaniahu aceite os planos de trégua de Trump para acabar com a guerra e trazer de volta os reféns israelenses restantes mantidos em Gaza.
Mais cedo naquele dia, o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netaniahu anunciou que “Israel” está se preparando para implementar a primeira fase do plano proposto pelo presidente norte-americano Donald Trump para a libertação imediata de todos os reféns. O anúncio ocorreu após a suposta ligação do presidente Trump para “Israel” pedindo a interrupção dos ataques aéreos em Gaza, depois que o Hamas expressou sua aprovação à proposta de um acordo de troca de prisioneiros.
Embora o Hamas tenha concordado com a troca de prisioneiros, o grupo não concordou com as exigências criminosas do sionismo e do imperialismo contidas no plano de Trump, segundo a qual o grupo deveria se desarmar e entregar o governo de Gaza — condições estas que a população israelense nas ruas não exigiu. Resta saber se isso será utilizado como pretexto pelo governo israelense para continuar as agressões.
No mesmo dia em que aconteceram as manifestações, as organizações da Resistência Palestina saudaram a resposta do Hamas ao plano Trump, classificando-a como resultado de uma “posição nacional responsável” alcançada após profundas consultas. Elas também pediram uma ação imediata de todas as partes para garantir o fim do ataque a Gaza e promover a unidade nacional.
A declaração conjunta afirmou que o Hamas estava falando “em nome das forças palestinas” e que a resposta foi resultado de amplas consultas com o objetivo de alcançar um acordo que sirva “ao interesse de nosso povo e garanta o fim da guerra de aniquilação”.
As organizações pediram a todos os atores relevantes que concluam as etapas e procedimentos necessários sem demora.
O comunicado atribuiu uma responsabilidade específica à Autoridade Palestina (AP), instando-a a começar imediatamente a cumprir seus deveres e obrigações, incluindo a convocação de uma reunião nacional urgente. As organizações afirmaram que tal encontro é necessário para traduzir a atual abertura diplomática em um quadro nacional unificado que proteja os direitos palestinos e determine o futuro de Gaza.
As forças enquadraram a postura do Hamas como um apelo desafiador ao mundo e uma mensagem firme a “Israel” de que “chegou a hora” de a ocupação ser removida das terras palestinas. Elas enfatizaram que o povo palestino merece resultados que coroem sua firmeza com a realização de suas aspirações nacionais: liberdade, independência e o fim da ocupação.
“Nosso povo merece que sua firmeza e heroísmo sejam coroados com resultados que atendam às suas ambições nacionais por liberdade, independência e o fim da ocupação”, concluiu o comunicado.





