Familiares, organizações de direitos humanos e profissionais de saúde em Gaza e no mundo intensificaram nesta semana uma campanha internacional exigindo a libertação imediata do médico palestino Dr. Hussam Abu Safiya, detido sem acusações formais pelas forças israelenses há exatamente um ano.
A campanha, que inclui protestos, apelos públicos e cartas a instituições internacionais, reclama que Abu Safiya está sendo mantido ilegalmente pelas autoridades de “Israel” desde que foi detido em 27 de dezembro de 2024, durante um assalto ao Hospital Kamal Adwan, no norte de Gaza, onde ele atuava como diretor. Seus apoiadores ressaltam que ele permanece sob custódia sem que qualquer acusação formal tenha sido apresentada, uma violação do direito internacional que protege profissionais de saúde em zonas de conflito.
Relatos de agências internacionais e visitas legais descrevem um quadro preocupante de deterioração física, incluindo perda de peso significativa, lesões cutâneas, confinamento solitário e falta de tratamento médico adequado. Organismos como a Anistia Internacional têm solicitado que se revele o paradeiro exato do médico e se garanta sua segurança, destacando que seu único “crime” foi cumprir seu dever médico diante de bombardeios e violência contínua.
O Dr. Hussam Abu Safiya, 52 anos, era médico e diretor do Hospital Kamal Adwan em Jabalia — um dos principais centros de saúde da Faixa de Gaza — quando ‘Israel’ lançou uma ofensiva militar na região em 2024. Mesmo sob intensos bombardeios e ameaças diretas contra instalações médicas, ele optou por permanecer com seus pacientes, muitos deles gravemente feridos, incluindo mulheres e crianças.
Durante o cerco ao hospital, tropas sionistas entraram na instalação, que foi sitiada e parcialmente incendiada, e prenderam o médico em circunstâncias que seus familiares e organizações de direitos humanos qualificam como ilegais. Desde então, ele tem sido transferido entre diferentes centros de detenção, incluindo Sde Teiman e a prisão de Ofer, locais que, segundo relatos, já estiveram associados a graves denúncias de tortura e maus-tratos.
Diversas entidades internacionais, incluindo profissionais de saúde e grupos de direitos humanos, colocaram Abu Safiya como símbolo de resistência e da precariedade enfrentada pelos profissionais médicos em Gaza. Seu filho, Elias Abu Safiya, descreve o aniversário de um ano da detenção como “um ano de injustiça”, lembrando que o médico dedicou sua vida a salvar outros, sem nunca ter sido acusado de crimes claros ou apresentado qualquer prova de envolvimento em hostilidades.
Desde o início da maior escalada de conflito entre “Israel” e grupos palestinos em 7 de outubro de 2023, o setor de saúde em Gaza sofreu destruição sem precedentes, com hospitais e equipes médicas repetidamente atacados e bombardeados, resultando em um elevado número de mortes, feridos e detenções de profissionais de saúde.
Segundo dados compilados no final de 2025, o total de profissionais da saúde mortos é de cerca de 1.243, incluindo médicos, enfermeiros e outros trabalhadores de saúde. Entre eles, pelo menos 130 eram médicos e cerca de 314 eram enfermeiros. Até o momento, 93 profissionais de saúde permanecem detidos, enquanto cerca de 269 já foram libertados da detenção após campanhas e pressões internacionais.
Mais de 144 ambulâncias foram alvo de ataques. Nove hospitais foram completamente destruídos e outros 25 sofreram danos parciais. Segundo os relatórios mais recentes, todos os hospitais da Faixa de Gaza encontram-se totalmente fora de operação.



