A médica pediatra Ellen Kriesels, consultora-sênior do Hospital Whittington , em Londres, foi presa no sábado (20), pela Polícia Metropolitana, após publicar críticas a “Israel” e manifestar apoio à Palestina, segundo reportagem da emissora libanesa Al Mayadeen, baseada em relatos de colegas e de um grupo de defesa de profissionais de saúde.
De acordo com uma colega da médica, a prisão ocorreu em frente aos filhos de Kriesels. A doutora Rahmeh Aladwan escreveu na rede X que “o lobby israelense começou a caçá-la em setembro” por causa de um cartaz exibido por Kriesels em uma manifestação nacional em defesa da Palestina. No mesmo texto, Aladwan afirmou: “a Grã-Bretanha está fazendo isso com médicos do NHS por ‘Israel’. A Grã-Bretanha está ocupada”.
Segundo a Al Mayadeen, Kriesels passou a sofrer retaliações após comparecer a um protesto pró-Palestina em setembro, quando segurou um cartaz condenando a guerra genocida de “Israel” em Gaza. Dias depois, ela teria sido suspensa de suas funções no Hospital Whittington .
A participação na manifestação motivou queixas ao Conselho Geral de Medicina (GMC, na sigla em inglês) e ao Serviço de Tribunais de Profissionais Médicos (MPTS, na sigla em inglês). Ainda conforme a reportagem, o procedimento resultou na suspensão da licença médica por nove meses.
A Al Mayadeen relata que a médica também publicou mensagens no X sobre o tratamento que dizia estar recebendo. Em 17 de setembro, ela escreveu:
“Deixando a porta da frente entreaberta para que a polícia não precise usar força quando vier me buscar”, em referência a uma denúncia apresentada, segundo ela, pelo NHS por “posts e cartazes anti-genocídio”.
O grupo Profissionais de Saúde Contra a Censura condenou a prisão e disse que a detenção teria sido resultado de uma “campanha coordenada” conduzida por organizações de lobby descritas como alinhadas a interesses externos. A entidade citou, entre os grupos envolvidos, o Advogados do Reino Unido por Israel (UKLFI, na sigla em inglês) e a Campanha Contra o Antissemitismo (CAA, na sigla em inglês). Em publicações reproduzidas pela Al Mayadeen, apoiadores caracterizaram o caso como “repressão, pura e simples”.
A Polícia Metropolitana não confirmou publicamente quais seriam as acusações nem apresentou detalhes da investigação. A reportagem afirma que, até o momento da publicação, não havia confirmação de denúncia formal contra a médica.
A polícia britânica tem ampliado ameaças de prisão contra participantes de atos pró-Palestina. Entre os alvos, estariam pessoas que entoem ou exibam em cartazes o a frase “globalize a intifada”.
“Intifada”, em árabe, significa “levante” e é empregada por palestinos para se referir à resistência contra a ocupação de suas terras por “Israel”. Já a Polícia Metropolitana, segundo a Al Mayadeen, alega que o canto representaria “um chamado à violência contra judeus”. A Al Mayadeen acrescenta que, no domingo, 21 de dezembro de 2025, a Polícia realizou as primeiras prisões relacionadas à frase em uma manifestação em Londres.





