Ásia

Manifestações contra governo continuam pelo 5º dia consecutivo

Protestos começaram no último dia 19, dia em que foi detido Ekrem İmamoğlu, principal adversário político de Erdoğan, atual presidente da Turquia

Pelo quinto dia consecutivo, milhares de pessoas estão saindo às ruas da Turquia em protestos contra o atual governo turco, cujo presidente é Recep Tayyip Erdoğan.

Os protestos começaram no último dia 19, data em que foi detido Ekrem İmamoğlu, então prefeito de Istambul, a maior cidade do país. Membro do Partido Republicano do Povo (CHP), İmamoğlu é o principal adversário político de Erdoğan, e, com sua popularidade crescente, era cotado para ser o principal adversário eleitoral do presidente da Turquia, nas eleições presidenciais de 2028.

İmamoğlu foi detido no dia 19 sob acusações de corrupção e apoio material ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão, uma organização considerada terrorista pelo Estado turco. Após isto, a Universidade de Istambul revogou as credenciais acadêmicas de İmamoğlu, medida que inviabilizaria eventual candidatura presidencial. Cerca de 100 outras pessoas aliadas de Imamoglu também foram alvos de acusações criminais.

No dia, grande protesto ocorreu em Istambul, o que levou o Estado turco a emitir ordem proibindo manifestações e reuniões por quatro dias. Vias principais foram bloqueadas pelas autoridades turcas, havendo igualmente restrições a rede sociais e plataformas semelhantes.

Apesar disto, desde então, conforme órgãos de imprensa turcos, manifestações significativas significativos foram relatados em Mamak (Ancara), Ancara, Bolu, Şişli (Istambul), Izmir, Samsun ,Manavgat (Antalya), Ayvalık (Balıkesir), Eskişehir , Mersin, Muğla, Bursa, Didim (Aydın), Adana, Denizli, Trabzon (cidade natal de İmamoğlu), Antalya, Çorum, Konya, Sakarya, Amasya, Giresun, Rize (cidade natal de Erdoğan), Kırıkkale e Karabük .

Em vídeos que circulam em canais de comunicação no Telegram, inúmeros confrontos foram registrados entre a polícia turca e os manifestantes, com canhões de água, balas de borracha e bombas de efeito moral sendo utilizados contra estes e coquetéis molotov contra aqueles.

No sábado (22), o aparato de repressão da Turquia já havia prendido 343 pessoas na tentativa de conter/desarticular os protestos, conforme informado pelo Ministério do Interior, que afirmou que as prisões foram feitas para evitar “disrupção da ordem pública”, acrescentando que “caos e provocação” não seriam tolerados, com esse número tendo ultrapassado 1.000, na segunda-feira (24).

Apesar da prisão de Imamoglu, no domingo (23), ocorreram eleições primárias no âmbito do CHP, para definir o candidato presidencial do partido para as próximas eleições. Conforme informações, mais de 20 milhões de pessoas votaram em Imamoglu. Desse total, 1.652.000 seriam membros do partido, e 18.918.211 pessoas do público geral. Conforme noticiado pela emissora do Catar Al Jazeera, “os críticos de Erdogan insistem que foi a primária iminente que desencadeou a prisão” (a primária fora marcada no dia 11).

No mesmo dia, as autoridades turcas solicitaram ao X, o bloqueio de mais de 700 contas, para dificultar a mobilização em torno das manifestações. O X objetou, publicando na página Global Government Affairs a seguinte mensagem: “nós nos opomos a várias ordens judiciais da Autoridade Turca de Tecnologias de Informação e Comunicação para bloquear mais de 700 contas de organizações de notícias, jornalistas, figuras políticas, estudantes e outros dentro da Türkiye. Fornecer uma plataforma comprometida em defender o direito de todos à liberdade de expressão é primordial na X, e acreditamos que essa decisão do governo turco não é apenas ilegal, mas também impede milhões de usuários turcos de notícias e discursos políticos em seu país. Estamos ansiosos para defender esses princípios por meio do sistema legal. A X sempre defenderá a liberdade de expressão em todos os lugares em que operamos”.

Por outro lado, a Al Jazeera, reproduzindo informações do canal de comunicação Político afirmou que “várias contas ligadas à oposição” e “associadas a ativistas universitários que organizavam protestos” foram suspensas pelo X.

Ainda no domingo, a prisão de Imamoglu foi formalizada por “um tribunal de Istambul na manhã de domingo, aguardando julgamento por acusações de corrupção, conforme noticiado pela Al Jazeera, informando também que “uma acusação antiterrorismo separada foi rejeitada pelo tribunal” e que Imamoglu “foi levado para a Prisão de Marmara no domingo, perto do distrito de Silivri, em Istambul

Com a prisão de Imamoglu, a lira turca (moeda nacional) sofreu queda vertiginosa, indicando oposição do mercado, isto é, do imperialismo. Até domingo (23), o governo turco já teria despendido 12 bilhões de dólares para tentar parar a queda, conforme noticiado pelo jornal britânico Financial Times.

Aproveitando-se da instabilidade interna da Turquia, ataques das forças israelenses de ocupação contra a Síria realizados no decorrer de dois dias teriam destruído as bases aéreas T4 e Palmira, conforme imagens de satélite que circulam por canais de comunicação do Telegram. Tais bases seriam potenciais locais militares turcos e teriam o objetivo de limitar o fortalecimento da Turquia através da expansão na Síria.

Nesse sentido, Yaron Avraham, jornalista militar israelense do Canal 12 de “Israel”, informou no domingo que “temendo uma tomada turca da Síria, o primeiro-ministro Netanyahu convocará uma discussão sobre segurança na próxima hora. As conversas serão focadas em limitar a influência da Turquia na Síria” acrescentando que “a imprensa israelense foi aconselhada a enfatizar que um confronto com a Turquia é inevitável“. O Canal 12 frisou que “outra frente está se abrindo: Turquia”.

Da mesma forma, as Forças Democráticas Sírias, coalizão curda comandada pelo imperialismo, teria intensificado ataques no norte da Síria contra militares turcos e o Exército Nacional Sírio (milícia sob comando da Turquia), utilizando VANTs (drones) suicidas FPV, conforme noticiado pelo canal de comunicação Southfront.

Gostou do artigo? Faça uma doação!