A derrubada do decreto que aumentava o IOF, aprovada pela ampla maioria da Câmara dos Deputados, com 383 votos contra e apenas 98 a favor, é mais uma derrota acachapante de um governo que acumula fracassos, um após o outro, diante de sua política de adaptação aos inimigos do povo brasileiro.
Antes do IOF, foi a tentativa de taxação das chamadas “blusinhas” – que escancarou o compromisso do governo com os grandes varejistas nacionais em detrimento dos consumidores pobres. Depois, veio a crise do Pix, que mostrou a desconfiança da população para com a política econômica de Fernando Haddad, e o escândalo de corrupção do INSS, utilizado pela grande imprensa e pela extrema direita para aumentar a pressão sobre o Palácio do Planalto.
Mas o problema não é apenas o Congresso, nem se resume à “articulação política” falha, como tentam fazer crer os analistas governistas. O que está em curso é o esgotamento de um governo que optou por não governar para o povo. Lula, diante da pressão da classe dominante, preferiu não enfrentá-la – ao contrário, busca constantemente se adequar a seus interesses, recuando toda vez que há conflito com o grande capital.
A infidelidade dos partidos da base – PSD, MDB, Republicanos, União Brasil – é reflexo direto da política de conciliação com os inimigos históricos do povo trabalhador. Conciliação que não garante governabilidade e muito menos avanços sociais. O que garante é o enfraquecimento progressivo do próprio governo, que se recusa a mobilizar suas bases sociais para combater o poder do Congresso reacionário, do mercado financeiro e do imperialismo.
A tentativa de judicializar a derrota no STF apenas reafirma o beco sem saída em que o Planalto se meteu: confia nos responsáveis pelo golpe de 2016 para resolver uma crise que só pode ser enfrentada com mobilização popular.
O tempo para reverter a situação na qual o governo se encontra está se esgotando. A capitulação diante do Banco Central “independente”, do Supremo Tribunal Federal, do Congresso Nacional, da grande imprensa e do governo dos Estados Unidos está fazendo com que perca a única base real que tem: o apoio popular.
Sem esse apoio, o governo estará vulnerável a todo tipo de ataque por parte dos inimigos do povo brasileiro.
