Mais de 100 pessoas foram mortas nos últimos dois dias no norte da Síria em combates entre grupos apoiados pela Turquia e forças curdas apoiadas pelos Estados Unidos, disse um monitor de guerra com sede em Londres.
As mortes incluíram 85 membros de grupos pró-turcos e 16 de militantes das FDS.
Em um comunicado, o SDF afirmou que repeliu “todos os ataques dos mercenários da Turquia apoiados por drones e aviação turcos”.
Apoiado diretamente pelos EUA, o SDF controla vastas áreas do nordeste da Síria e partes da província de Dayr al-Zawr, no leste, após a retirada das forças do governo durante a guerra que começou em 2011.
O grupo assumiu o controle de grande parte do território atual, incluindo Raqqa, depois que o Estado Islâmico foi expulso da área.
Mohammed al-Julani, chefe do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que atualmente governa a Síria, disse anteriormente que o SDF seria integrado ao futuro exército do país.
Os ministros das Relações Exteriores da Alemanha e da França, em visita a Damasco em nome da União Europeia nesta semana, disseram que os curdos devem estar envolvidos na transição do país se o novo governo quiser o apoio europeu. Tanto a Alemanha quanto a França têm um histórico de treinamento de militantes curdos e fornecimento de armas.
No mês passado, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que os países estrangeiros deveriam retirar seu apoio aos militantes curdos na Síria.
Em um comunicado divulgado por seu gabinete, Erdogan disse que não havia mais razão para apoio externo aos militantes curdos das Unidades de Proteção Popular (YPG), que formam a espinha dorsal das FDS apoiadas pelos EUA.
Erdogan considera o SDF uma extensão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que lutou contra uma insurgência de décadas no sudeste da Turquia e é proibido como organização terrorista pelo governo.
As mortes entre os grupos comprovam dois aspectos centrais da crise síria. O primeiro deles é que a política do imperialismo para a Síria é o caos, da mesma forma como foi executado na Líbia. A ideia de que o país foi libertado de uma “ditadura”, portanto, é ridícula: o país deverá entrar em uma longa guerra civil. O segundo aspecto importante é que a Turquia, que procurou se apresentar como o principal país responsável pela queda de Assad, terá muita dificuldade de se impor na Síria, uma vez que este não é o objetivo dos norte-americanos.