No domingo (16), o porta-aviões norte-americano USS Gerald R. Ford entrou no Mar do Caribe como parte da Operação Lança do Sul, ampliando de maneira inédita a presença militar dos Estados Unidos na região. O movimento ocorre ao mesmo tempo em que Washington conduz exercícios conjuntos com Trinidade e Tobago e após novas declarações públicas do governo venezuelano sobre o aumento das atividades militares norte-americanas próximas ao território do país.
A passagem do Gerald R. Ford, o maior e mais moderno porta-aviões já construído pelos EUA, foi confirmada pela emissora venezuelana teleSur, que registrou o deslocamento da embarcação escoltada por navios de guerra e aeronaves embarcadas. O Departamento de Guerra afirmou que a operação está vinculada a ações de combate ao “narcotráfico”. É, no entanto, a maior mobilização militar norte-americana no Caribe em décadas.
Até a manhã desta segunda-feira (17), o Gerald R. Ford operava em área central do Mar do Caribe, acompanhado por destróieres e aeronaves de patrulha. Navios de guerra adicionais permaneciam em rotas que conectam a costa venezuelana ao arco das ilhas caribenhas.
O governo venezuelano informou que seguirá monitorando o deslocamento norte-americano e que solicitará novas informações oficiais sobre os exercícios em curso. A agressão dos EUA não tem prazo anunciado para encerramento.
Grupo de ataque do porta-aviões aumenta ameaça
Segundo o Washington Post, um dos principais jornais do imperialismo, a Operação Lança do Sul mobiliza aproximadamente 12 mil militares, entre tripulações navais, unidades aéreas e equipes especializadas em operações marítimas. A formação que acompanha o Gerald R. Ford inclui:
- cerca de 12 destróieres e cruzadores de mísseis guiados;
- um navio de operações especiais destinado a infiltração e vigilância;
- um submarino nuclear de ataque equipado com mísseis de cruzeiro;
- aeronaves de combate, reconhecimento e patrulha embarcadas;
- três navios adicionais que compõem o grupo de ataque do porta-aviões.
Relatórios internos citados pelo jornal indicam que, com o porta-aviões na região, o comando militar norte-americano obtém capacidade para executar missões de vigilância contínua, monitoramento de rotas marítimas e operações de interceptação em uma área significativamente maior que a coberta em operações anteriores.
Fontes ouvidas pelo jornal afirmam que o aparato posicionado é compatível com operações de maior alcance, permitindo ao governo norte-americano “responder rapidamente a alvos considerados de interesse”.
Exercícios militares próximos ao litoral venezuelano
A chegada da embarcação coincide com os exercícios conjuntos entre EUA e Trinidade e Tobago, programados de 16 a 21 de novembro. As manobras são conduzidas no entorno da costa do estado venezuelano de Sucre, área que Caracas considera sensível pela proximidade com rotas comerciais e instalações pesqueiras.
Durante um ato público em Caracas no sábado (15), o presidente Nicolás Maduro voltou a denunciar o exercício militar:
“O governo de Trinidade e Tobago anunciou mais uma vez exercícios irresponsáveis, cedendo suas águas para operações militares que se destinam a ser ameaçadoras para uma república como a Venezuela.”
O governo venezuelano pediu mobilização permanente da população nos estados orientais durante o período dos exercícios.
Este é o segundo treinamento conjunto entre os EUA e Trinidade e Tobago em menos de um mês. No anterior, o destróier USS Gravely realizou ações coordenadas com o Gerald R. Ford nas proximidades da zona econômica exclusiva venezuelana.
Mobilização preocupa governo venezuelano
Ao longo das últimas semanas, autoridades de Caracas registraram sobrevoos de aeronaves militares norte-americanas sobre rotas marítimas próximas ao país e o reposicionamento de navios de guerra em áreas próximas ao delta do Orinoco e às ilhas do Caribe oriental.
Fontes venezuelanas afirmam que, desde o final de outubro, embarcações dos EUA passaram a realizar patrulhas mais frequentes, incluindo monitoramento por aeronaves antissubmarino e voos de vigilância eletrônica.
PSUV divulga comunicado internacional
No dia 14, o Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV) publicou uma nota dirigida a partidos e movimentos sociais do mundo, afirmando que a Operação Lança do Sul constitui uma “operação de guerra psicológica”. O documento cita deslocamentos militares próximos à Venezuela, Colômbia, México e Trinidade e Tobago e afirma que as ações recentes dos EUA representam “tentativa de transformar a Venezuela na porta de entrada de uma estratégia de dominação”.
O texto faz referência a relatos de operações de vigilância, incursões aéreas e deslocamentos navais que teriam ocorrido nas semanas anteriores, pedindo que organizações internacionais exijam o fim do dispositivo militar norte-americano no Caribe em conformidade com a resolução da CELAC que definiu a região como zona de paz.
Imprensa norte-americana fala em ampliação da agressão
Veículos dos Estados Unidos têm relatado que aeronaves do porta-aviões iniciaram voos em rotas de reconhecimento sobre o Caribe central nos últimos dias. Ainda segundo o Washington Post, a Marinha norte-americana não divulgou oficialmente as rotas, horários ou objetivos, mas fontes afirmam que esses voos teriam caráter “exploratório” dentro da posição atual do grupo de ataque.
Fontes militares citadas pelo jornal imperialista afirmam que não há previsão de retirada do Gerald R. Ford e que o porta-aviões deve permanecer na região “enquanto a operação estiver em andamento”.




