Uma nova pesquisa do instituto francês IFOP escancarou a falência do governo de Emmanuel Macron: apenas 19% dos franceses aprovam sua gestão. Seu primeiro-ministro, François Bayrou, recém-empossado após a queda de Michel Barnier, tem ainda menos — 18%. Somadas, as aprovações formam o governo mais impopular da história da Quinta República. Mas, se o povo francês já virou as costas para Macron, há um brasileiro que não solta sua mão: Luiz Inácio Lula da Silva.
O “bromance” entre Lula e Macron, como ironizaram os jornais franceses, passou do ridículo. Em junho, durante visita de Estado à França, os dois desfilaram lado a lado em Paris — inclusive de mãos dadas —, e foram fotografados num clima tão afetuoso que a Embaixada da França no Brasil não perdeu a piada: publicou a imagem no Dia dos Namorados, com a legenda “L’amour n’a pas de frontières” (“O amor não tem fronteiras”).
A publicação dizia ainda: “Parceria, confiança, trocas culturais e muito carinho: essa relação só cresce com o tempo”. De fato, cresce: cresce a vergonha de ver o presidente do Brasil prestando homenagens ao chefe de um governo em decomposição política, odiado por seu povo e repudiado por todos os setores da sociedade francesa — da esquerda à direita.
Enquanto Macron ignora os resultados eleitorais, mantém um primeiro-ministro rejeitado pelas urnas e impõe um pacote brutal de cortes sociais, é recebido por Lula como um “herói da democracia”. Bayrou anunciou recentemente um plano de austeridade de 44 bilhões de euros, que inclui congelamento de aposentadorias, cortes em saúde e até a eliminação de feriados nacionais. Ao mesmo tempo, Macron aumenta o orçamento militar em 6,5 bilhões de euros, agitando o fantasma da Rússia para justificar sua escalada belicista. A dívida pública já chega a 114% do PIB.
Lula diz defender a soberania nacional e fala em “incluir o pobre no orçamento”, mas abraça com entusiasmo o líder mais impopular da Europa, responsável por massacrar os próprios trabalhadores franceses com repressão e arrocho.
A relação entre Lula e Macron é o retrato perfeito da política de frente ampla: uma aliança cada vez mais estreita com os interesses do imperialismo europeu e norte-americano, travestida de “defesa da democracia”.
A situação francesa é só um exemplo do colapso europeu. No Reino Unido, Keir Starmer enfrenta um impasse semelhante. A crise energética provocada pelo rompimento com a Rússia, o fracasso das indústrias frente à concorrência chinesa e a expulsão das ex-potências coloniais da África revelam o esgotamento completo do modelo imperialista. E enquanto a extrema direita cresce em toda parte, são os próprios “democratas” que planejam golpes, censuras, repressão e guerra para se manter no poder.





