O presidente da França, Emmanuel Macron, publicou no jornal imperialista Folha de S. Paulo, um artigo intitulado Lutemos juntos por um mundo novo, entre outras coisas, defendendo que a França seria um país latino-americano devido a uma aberração histórica: a manutenção de seu império colonial na América do Sul, eufemisticamente apresentado por Macron como “territórios ultramarinos”. A política, no entanto, foi apresentada no seguinte parágrafo:
“Nós também queremos construir com vocês um mundo que enfrente com determinação a mudança climática, que nos permita implementar as medidas de adaptação necessárias e que garanta a preservação de nossas florestas e oceanos. Um mundo que nos ofereça maior segurança diante do crime organizado transnacional e que estabeleça regras comerciais justas para as nossas empresas. Um mundo mais justo, que reconheça a interdependência entre preservação do meio ambiente e prosperidade e permita que os dois andem sempre juntos.”
Emmanuel Macron, ao se referir à “mudança climática”, revela que o artigo é, acima de tudo, o recrudescimento da submissão da América Latina ao imperialismo. Quando o presidente francês fala sobre a preservação das florestas e oceanos, ele não está se preocupando com o desenvolvimento sustentável das nações latino-americanas, mas reforçando a desindustrialização da região.
Em nome do combate ao aquecimento global, Macron busca restringir as capacidades de desenvolvimento das economias latino-americanas, vistas com desconfiança pela França e pelo imperialismo em geral. A “adaptação” que ele propõe serve apenas para aprofundar o atraso da América Latina e a escravidão dos povos latinos pelas potências imperialistas.
Quando fala sobre “segurança diante do crime organizado transnacional”, o que Macron realmente quer é reforçar a repressão nos países latino-americanos, com a desculpa de combater o crime, uma campanha já antiga da extrema direita na região. Na realidade, a segurança que o imperialismo francês propõe visa garantir a estabilidade dos regimes neoliberais, que mantêm os países da região à mercê dos monopólios norte-americanos, europeus e japoneses.
Longe de promover qualquer progresso, o artigo defende uma política que, se levada adiante, implicará em uma repressão ainda mais profunda contra os povos latinos e sua tendência de luta contra a ditadura dos monopólios.
“Questionamos”, continua o mandatário francês, “da mesma forma que vocês, sobre o lugar que os espaços digitais ocupam em nossas vidas [bem] reais, o impacto da inteligência artificial sobre elas e, de forma mais ampla, a conciliação entre o desenvolvimento tecnológico e os nossos valores.” Ao mencionar “os nossos valores”, Macron se refere não aos valores das massas oprimidas, mas os do grupo social que representa: os banqueiros e os monopólios internacionais.
Estes valores não são outros, mas a censura e a ofensiva imperialista contra as liberdades democráticas, com destaque para a liberdade de expressão. Sob o disfarce de um apelo à reflexão sobre o impacto das novas tecnologias, o que o presidente francês realmente está defendendo é um aumento da vigilância e da repressão aos movimentos populares, principalmente àqueles que se opõem ao imperialismo e à exploração dos recursos naturais.
O “controle” que ele sugere para o ambiente digital serve para sufocar a verdade sobre os crimes da ditadura mundial, impedir a proliferação de opiniões que se choquem com as da classe dominante e, com isso, garantir que as potências imperialistas possam continuar confundindo a classe trabalhadora, sem o incômodo das críticas ou das mobilizações populares. A realidade por trás do discurso de Macron é uma ofensiva imperialista brutal contra a América Latina.
A esquerda latino-americana deve estar atenta aos sinais dados pelo imperialismo, que aponta para uma intensificação da ditadura dos monopólios na região. As propostas de Macron, disfarçadas de parceria, são, na realidade, um sinal de que as potências imperialistas buscam aprofundar sua dominação, intensificando a repressão e o controle sobre os povos latino-americanos.
É fundamental mobilizar a classe trabalhadora e a juventude em uma ampla resistência contra a ameaça aberta representada por Macron e o imperialismo de conjunto. A luta contra os interesses dos monopólios não é apenas uma questão de rejeitar suas propostas mascaradas de ajuda, mas de defender ativamente a soberania dos povos latino-americanos e combater onda repressiva que se aproxima. Devemos deixar claro que a luta por um futuro independente e livre do domínio dos monopólios exige uma mobilização constante contra qualquer forma de opressão, e o momento de agir é agora.