Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, anunciou que aumentará as taxas para produtos oriundos do Brasil e ainda exigiu que acabasse a perseguição judicial contra os bolsonaristas, em medida que fez Lula emitir nota oficial saindo em defesa do Supremo Tribunal Federal (STF).
A defesa de Lula do STF é outro erro do governo, pois é sabido que o Poder Judiciário deveria agir independentemente do Poder Executivo. Uma coisa é o STF, outra coisa é o governo federal de Lula. A nota oficial do presidente, na realidade, reconhece que existe um processo político de perseguição contra os opositores do STF.
A esquerda pequeno-burguesa aplaudiu a posição do governo Lula, finalmente, essa esquerda é totalmente a favor do que tem feito Alexandre de Moraes e o STF contra os manifestantes de 8 de janeiro de 2023 e outros bolsonaristas.
Em um texto publicado no Brasil 247, o redator Florestan Fernandes Jr., afirma que “o presidente Lula deveria, com urgência, se dirigir à Nação em rede de rádio e televisão. Precisa expor com clareza a farsa em curso, explicar aos brasileiros que a extrema-direita está tentando transformar uma retaliação econômica injusta em palanque político”.
Mas a defesa feita por Lula do STF, de fato, só deveria servir de palanque político mesmo, pois de fato é uma defesa política. Lula deveria ter lavado as mãos com relação ao judiciário nacional, mas, com a atual posição, o governo deve pagar caro pela defesa das arbitrariedades do STF já mundialmente conhecidas.
Em outro artigo, também do Brasil247, Aquiles Lins afirma que “em vez de defender a diplomacia, a legalidade e a soberania do país, Tarcísio de Freitas optou por aplaudir a sanção econômica imposta por um presidente estrangeiro com motivações políticas torpes. Escolheu ficar do lado de quem ameaça a estabilidade das instituições brasileiras e a segurança jurídica do nosso país. Isso terá um custo político para ele”.
A realidade é que o STF é um poder completamente arbitrário e sem qualquer controle popular, ou seja, não eleito por ninguém. Nesse sentido específico, a corte é que se reveste de ameaça para os processos democráticos brasileiros. É por essa razão que absolutamente todos os golpes que país sofreu, de fato, tiveram a chancela da suprema corte.
Por fim, Oliveiros Marques diz que a carta do presidente norte-americano significa “o uso da política tarifária como instrumento de pressão em favor de um inelegível condenado pela Justiça brasileira por abuso de poder político. Um gesto que ganha contornos ainda mais graves ao envolver encontros com embaixadores de outros países durante a campanha eleitoral em que se aproximava a sua derrota”.
E que “ao governo brasileiro, naturalmente, cabe acionar os canais diplomáticos e buscar uma solução por via institucional. Mas, do ponto de vista político interno, é fundamental dizer com todas as letras: essa taxação só aconteceu por capricho de Bolsonaro e sua família – que agem como garotos-propaganda de um ideário fascista mundial, tentando escapar da cadeia e preservar os milhões arrecadados via pix de incautos (e outros nem tanto), além das vendas de joias e chocolates caríssimos”.
Todo o problema debatido pelos articulistas acima se apresenta como ‘democracia versus o fascismo’, mas enxergar o problema assim resultará em consequências gravíssimas para a sociedade brasileira de conjunto.
Donald Trump e Jair Bolsonaro detém uma questão em comum que é atender certos setores grandes da sociedade e, como foi visto nas eleições, serem candidatos populares, ou seja, com voto. Esses setores, a burguesia interna, o setor rural, enfim, são obstáculos do grande capital, dos imperialistas melhor representados pela política de Joe Biden.
Essa é a briga de verdade na qual Lula, por meio de seu posicionamento público, se coloca ao lado do imperialismo, do grande capital. É dizer, por trás do sorriso macabro de Alexandre de Moraes se esconde o bom e velho Tio Sam.
O STF entra em jogo como representante desse grande capital, do velho PSDB, das grandes oligarquias nacionais, chamadas de direita “civilizada”, “democrática” ou “científica”, como foi dito nos idos da pandemia de Covid-19. É esta direita que quer cortar a cabeça de Trump e Bolsonaro. Não é a democracia travestida de ministro que está fazendo esse serviço, mas os piores malfeitores da humanidade.
Em resumo, a briga é entre o imperialismo de Joe Biden e companhia limitada (que tem seu melhor escudeiro brasileiro na Polícia Federal e no STF) contra Donald Trump e Jair Bolsonaro, que não são exatamente o que o imperialismo precisa neste momento, basta ver a política bélica de Trump e toda crise que aí está instaurada.
Lula não deveria tomar parte dessa briga, muito embora as declarações de Trump sejam da mais pura truculência. Tomar parte do STF neste momento é chancelar as medidas que essa corte e seus sócios (PF, PGR, etc.) tomarão no futuro, e que certamente não serão do agrado de Lula, como, na realidade, não têm sido nas últimas décadas.
Candidatos populares, ou seja, com apoio e votos da população, não servem para acabar com o próprio país. Nesse sentido, Bolsonaro e Lula são iguais. É por esta razão que os planos alternativos estão a todo vapor, sendo Tarcísio, um ilustre desconhecido direitista, já cogitado como forte possibilidade presidencial em 2026, e este é o andamento de mais um golpe de Estado.
