O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronunciou nesta segunda-feira (6) sobre a detenção de cidadãos brasileiros pela Marinha de “Israel”, após a interceptação da Flotilha Global Sumud em águas internacionais. Lula classificou o episódio como uma “situação absurda” e determinou que o Itamaraty use “todas as ferramentas diplomáticas e legais” para garantir a libertação e o retorno em segurança dos ativistas.
O presidente destacou que a interceptação das embarcações violou as normas internacionais:
“O Estado de ‘Israel’ violou as leis internacionais ao interceptar os integrantes da Flotilha Global Sumud, entre eles cidadãos brasileiros, fora de seu mar territorial. E segue cometendo violações ao mantê-los detidos em seu país”, declarou.
Lula afirmou ainda que, desde o primeiro momento, instruiu o Ministério das Relações Exteriores a prestar assistência consular e atuar pela liberação dos brasileiros.
A flotilha, composta por ativistas e parlamentares de mais de 40 países, buscava entregar alimentos, água e medicamentos à população palestina, rompendo o bloqueio imposto contra a Faixa de Gaza. A ação foi interrompida há cinco dias por militares israelenses.
O educador popular Nicolas Calabrese foi o primeiro brasileiro a ser deportado. Ele relatou ter sofrido agressões físicas e humilhações durante a captura, destacando também a violência contra a ativista sueca Greta Thunberg. Calabrese, que coordena a Rede Emancipa no Rio de Janeiro, desembarca no Brasil ainda nesta segunda-feira.
O governo israelense informou que 171 integrantes da missão, incluindo Thunberg, foram deportados no domingo (5) para a Grécia e a Eslováquia. O comunicado, no entanto, não cita nenhum brasileiro entre os deportados.
Ao menos 13 brasileiros permanecem sob custódia, entre eles a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), a vereadora Mariana Conti (PSOL-Campinas) e o ativista Thiago Ávila, um dos coordenadores da flotilha. Também seguem presos Bruno Gilga, Lisiane Proença, Magno Costa, Ariadne Telles, Mansur Peixoto, Gabriele Tolotti, Mohamad El Kadri, Lucas Gusmão, João Aguiar e Miguel Castro.
Organizações internacionais informaram que quatro ativistas brasileiros — Ávila, João Aguiar, Bruno Gilga e Ariadne Telles — iniciaram greve de fome em solidariedade à população de Gaza. No domingo (5), Ávila ampliou o protesto com uma greve de sede, denunciando a recusa de fornecimento de medicamentos a detidos com problemas de saúde.
A pressão diplomática do governo brasileiro se soma às manifestações de familiares e organizações de direitos humanos, que pedem a libertação imediata dos detidos e denunciam a atuação de “Israel” como violação grave do direito internacional.
Embora o governo tenha condenado publicamente a ação e reforçado as gestões diplomáticas, é preciso uma resposta mais dura. Setores políticos e sociais avaliam que, diante do sequestro de cidadãos brasileiros, o governo deveria impor um ultimato ao regime sionista — exigindo a devolução imediata dos detidos sob pena de ruptura das relações diplomáticas ou até de retaliações mais contundentes.





