Na próxima quinta-feira (29), o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar a desapropriação da Fazenda Brasileira, no Paraná, para assentar cerca de 1,6 mil famílias do acampamento Maila Sabrina, ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A medida, que atende a uma reivindicação de mais de 20 anos, é um passo positivo, mas insuficiente frente à demanda de milhões de camponeses por terra.
A visita de Lula ao Paraná, acompanhado do ministro do Desenvolvimento Agrário Paulo Teixeira, ocorre após o “Abril Vermelho”, que registrou 30 ocupações de terra em 2025. O acampamento, entre Faxinal e Ortigueira, abriga famílias que aguardam a transformação em assentamento. O adiamento do anúncio, previsto para abril, ocorreu devido à morte do Papa Francisco, que alterou a agenda presidencial.
Apesar da medida positiva, o MST, mantém críticas à insuficiência das ações do governo. Em março, Lula anunciou editais e créditos para a reforma agrária em Minas Gerais, mas as políticas adotadas foram consideradas insuficientes. Durante o “Abril Vermelho”, que marcou o massacre de Eldorado dos Carajás (1996), o movimento intensificou a pressão por agilidade na pauta agrária. Lideranças também cobram a saída de Teixeira, alegando que o ministro “não tem conhecimento do campo para traçar estratégias eficazes”. O Planalto pediu “calma”, citando limitações orçamentárias.
Segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Brasil tem cerca de 4,8 milhões de famílias sem terra, enquanto apenas 88 mil foram assentadas entre 2019 e 2024. A desapropriação no Paraná é um avanço, mas a luta pela reforma agrária deve continuar. “A terra é para quem trabalha nela. Não vamos parar até que todas as famílias tenham seu chão”, disse um líder do MST ao jornal Brasil de Fato.



