Europa

Presidente da Sérvia denuncia ação da CIA em tentativa golpe

Falando sobre protestos “anticorrupção” que ocorrem desde novembro, Aleksandar Vučić declarou que se trata de uma tentativa de revolução colorida

Desde novembro de 2024, a Sérvia tem sido palco de protestos envolvendo estudantes, professores e pesquisadores universitários. Utilizando como pretexto o colapso de uma estrutura de concreto na principal estação ferroviária de Novi Sad (cidade no norte do país), ocorrido no dia 1º daquele mês, manifestações vêm sendo realizadas frequentemente. Os atos incluem bloqueios temporários de universidades e vias de acesso, bem como ações de desobediência civil, métodos típicos das fases iniciais de revoluções coloridas.

Diante dessa situação, em 18 de janeiro de 2025, o presidente da Sérvia, Aleksandar Vučić, declarou que há apelos inequívocos à derrubada da ordem constitucional, classificando os eventos como uma tentativa de revolução colorida, conforme noticiado pela emissora RTS (Russian Today – Sérvia e Balcãs). Segundo Vučić, “temos uma combinação de interesses de várias agências de inteligência ocidentais, mas também regionais, principalmente croatas e albanesas, para destruir a Sérvia internamente, enfraquecê-la no cenário internacional e provocar um colapso interno.”

Em pronunciamento à emissora local, Vučić afirmou: “Vamos aguardar o último momento, quando começarem a bloquear as autoestradas. Nesse momento, agiremos conforme as regras.”

Segundo outra publicação da RTS, datada de 20 de janeiro, o movimento dos estudantes e professores universitários afirma ser apartidário — um método frequentemente utilizado pelo imperialismo em golpes de Estado que assumem a forma de revoluções coloridas. Ainda segundo a RTS, a oposição pró-imperialista já demonstrava apoio aberto aos protestos. Na manifestação do dia 17 de janeiro, a Câmara Municipal de Novi Sad foi invadida com a participação de políticos da oposição, como Marinika Tepić, vice-presidente do Partido Liberdade e Justiça.

Com o aumento lento, porém progressivo, das manifestações, nesta sexta-feira (24), “o trânsito parou em diversas ruas de Belgrado e outras cidades”, informou a emissora. Segundo a publicação, vários locais no centro de Belgrado e de outros municípios foram bloqueados após um apelo dos estudantes para uma greve geral:

“Convidamos todos os cidadãos da Sérvia a aderirem à suspensão total de todas as atividades na sexta-feira, 24 de janeiro de 2025. Vamos mostrar união, força e determinação na luta pela justiça”, dizia o comunicado.

Os bloqueios também ocorreram em Novi Sad, Niš, Kragujevac, Čačak, Šabac e Valjevo, segundo a RTS. Reiterando o caráter “apartidário” do movimento, publicações de grupos estudantis declararam que “os alunos no bloqueio agem de forma independente e auto-organizada, sem a participação de quaisquer atores políticos, ONGs ou grupos ativistas.” As reivindicações incluem a publicação de toda a documentação sobre a reconstrução da estação ferroviária, o arquivamento das acusações contra os presos durante os protestos, a apresentação de acusações criminais contra os agressores de manifestantes e um aumento de 20% no orçamento das faculdades.

Em contraponto, a Federação das Associações de Combatentes da Sérvia (SUBOS) declarou apoio total ao presidente Aleksandar Vučić, condenando as tentativas de desestabilização do país promovidas por fatores externos, seguindo o padrão dos movimentos de revolução colorida.

Aleksandar Vučić é um dos poucos líderes europeus a se posicionarem contra a guerra de agressão contra a Rússia. Em meio à guerra na Ucrânia, seu governo foi alvo de uma tentativa de revolução colorida no final de 2023, que foi contida com o auxílio do serviço de inteligência russo. Em pronunciamento recente, Vučić afirmou: “Quero ajudar na criação de um amplo movimento popular. Vejo agora uma necessidade estratégica para o futuro. Vi isso há dois anos.”

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