Nesse sábado (8), Mahmoud Khalil, estudante recém-formado pela Universidade de Columbia e um dos líderes dos protestos em apoio à resistência palestina no ano passado, foi preso em seu apartamento, pertencente à instituição de ensino, próximo ao campus de Columbia, em Manhattan, Nova Iorque. A ação foi realizada por dois agentes de imigração.
Segundo a emissora libanesa Al Mayadeen, a legislação norte-americana exige que as autoridades federais obtenham um mandado de prisão antes de entrarem em áreas não públicas das universidades, incluindo residências estudantis. Após sua detenção, Khalil ligou para sua advogada, Amy Greer, que interveio por telefone. Ela questionou os dois agentes sobre o motivo da prisão de seu cliente e se eles possuíam um mandado, informando ainda que Khalil era portador de um green card (documento de residência permanente para imigrantes nos Estados Unidos).
“Ele tem um green card”, afirmou um dos agentes ao seu superior por telefone. No entanto, segundos depois, declarou que o Departamento de Estado norte-americano havia “revogado isso também”.
Uma porta-voz do Departamento de Estado afirmou que o órgão possui amplos poderes para cancelar vistos com base na Lei de Imigração e Nacionalidade e que o órgão “exerce essa autoridade sempre que surgem informações que indiquem que um titular de visto pode ser inadmissível nos Estados Unidos ou inelegível para um visto”.
Inicialmente, Khalil, de origem palestina, foi mantido sob custódia no escritório do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE, na sigla em inglês) no centro de Nova Iorque. No entanto, sua advogada informou que ele foi transferido para a Instalação de Detenção Contratual Elizabeth, em Nova Jérsei.
A advogada de Khalil declarou à imprensa que ainda não havia conseguido obter mais detalhes sobre o motivo da sua detenção, acrescentando que essa ação representa uma “escalada clara” da repressão contra ativistas. A prisão de Khalil ocorre em meio às ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de deportar estudantes internacionais e punir aqueles que ele classifica como “agitadores” por protestarem contra os crimes de guerra de “Israel”.
No ano passado, Khalil foi um dos ativistas pró-Palestina mais destacados da Universidade de Columbia. Quando os estudantes montaram acampamentos de protesto no campus durante a primavera, ele foi escolhido para atuar como negociador em nome dos manifestantes, participando regularmente de reuniões com a administração da universidade.
A Universidade de Columbia abriu múltiplas investigações, conduzidas pelo recém-criado Escritório de Equidade Institucional, para identificar estudantes que expressaram críticas a “Israel”, segundo documentos obtidos pela Associated Press.
Nas últimas semanas, a universidade enviou notificações a dezenas de estudantes por ações que variam desde o compartilhamento de publicações pró-Palestina nas redes sociais até a participação em protestos considerados “não autorizados” pela instituição.