Guerra na Palestina

Libaneses desafiam tanques israelenses e retornam em massa ao sul

Com o fim do período de cessar-fogo de 60 dias os libaneses não esperaram a retirada de “Israel”, voltaram em massa às suas terras desafiando os tanques e humilhando o sionismo

Às 4h da manhã deste domingo (26), acabou o período de 60 dias de cessar-fogo entre o Líbano e “Israel”, iniciado no fim de novembro de 2024, quando o Hesbolá impôs mais uma derrota ao Estado sionista. Com o fim do prazo de 60 dias, todo o exército sionista deveria se retirar do sul do Líbano. O governo Netaniahu, no entanto, afirmou que não sairia, os libaneses ignoraram e voltaram aos milhares às suas cidades e vilas. As imagens são impressionantes, cidadãos comuns desarmados confrontam os tanques israelenses, que não sabem como reagir.

Desarmados e a pé, homens, mulheres, idosos e crianças do sul do Líbano romperam as barreiras erguidas para impedir que chegassem às suas terras. Eles enfrentaram a máquina de guerra israelense com cantos revolucionários, bandeiras do Líbano e de grupos de resistência, além de fotos de seus mártires, que sacrificaram suas vidas para defender o Líbano. Entre eles estava o mártir Saied Hassan Nasseralá, ex-secretário-geral do Hesbolá, covardemente assassinado por “Israel” no final de setembro de 2024.

As forças de ocupação israelenses responderam da única forma que sabem: mobilizaram tropas e veículos para reprimir a resistência popular, abrindo fogo contra os libaneses desarmados. O ataque resultou em 22 pessoas assassinadas, incluindo soldados libaneses, mais de 100 feridos e diversas detenções.

Em um dos episódios mais brutais, um tanque Merkava perseguiu civis desarmados em Odaissé que tentavam retornar para casa. Mesmo sob fogo, uma mão se ergueu, exibindo o sinal de vitória diante do agressor israelense, declarando que nenhum poder de fogo seria capaz de suprimir a vontade de recuperar o que é do povo libanês.

Indiferentes e de cabeça erguida, os habitantes do sul do Líbano desafiaram o terrorismo israelense, enfrentaram destemidamente tropas e tanques, insistindo em libertar cada centímetro de sua terra. Sob a força da resistência popular, as tropas israelenses recuaram de várias áreas. Os eventos de 26 de janeiro relembram os de 2000, quando uma onda humana, em paralelo às operações militares do Hesbolá libertou o sul do Líbano da ocupação israelense.

O escritório do Coordenador Especial da ONU para o Líbano (UNSCOL) afirmou que: “os prazos previstos no [acordo de cessar-fogo] não foram cumpridos. Como tragicamente visto nesta manhã, as condições ainda não estão estabelecidas para o retorno seguro dos cidadãos às suas aldeias ao longo da Linha Azul. As comunidades deslocadas, que já enfrentam um longo caminho para a recuperação e reconstrução, são, portanto, novamente convocadas a exercer cautela. Além disso, continuam sendo registradas diariamente violações da resolução 1701 (2006) do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.

As forças da ONU estão no Líbano desde 1978, data da primeira invasão de “Israel” ao país. Elas deveriam ser responsáveis por assumir a segurança do sul do país junto ao exército libanês conforme os sionistas se retirassem. Os sionistas, no entanto, se recusaram e anunciaram que não iriam se retirar do Líbano a poucos dias antes do prazo. O Hesbolá anunciou que atacaria as tropas de “Israel”, agora que a população volta em massa isso pode adiar um pouco o início desta nova etapa da guerra.

O exército do Líbano afirmou que: “estamos acompanhando o retorno dos moradores às cidades fronteiriças e permanecemos ao lado deles na luta contra a agressão israelense. Continuamos nosso posicionamento em várias cidades do sul e pedimos aos cidadãos que sigam as instruções das unidades militares”.

A resistência se pronuncia

O Hesbolá se pronunciou sobre os acontecimentos: “a cena dos que retornam às suas aldeias, carregando fotos dos mártires e bandeiras da Resistência, encarna os mais elevados significados de firmeza, resiliência e vitória, confirmando que este povo, com sua vontade inquebrantável e resistência inabalável, constitui a arma mais poderosa da Resistência. É essa força que sempre foi descrita pelo nosso mártir querido, o senhor dos mártires da nação, o estimado Saied Hassan Nasseralá (que Deus tenha misericórdia dele), como ‘o ponto de força que ninguém pode derrotar’. O povo da Resistência provou ser fiel ao sangue puro dos mártires, e que, por mais poderoso que seja o opressor, ele é incapaz de resistir a esse abençoado movimento popular que, com seus passos e direção, traçou um único caminho: libertar a terra e expulsar o ocupante definitivamente”.

E ainda afirmou: “nós, no Hesbolá, nos curvamos em reverência diante da grandeza do povo da Resistência, afirmando que a equação do exército, povo e resistência, que protege o Líbano contra as traições dos inimigos, não é apenas tinta no papel, mas uma realidade vivida diariamente pelos libaneses, demonstrada em sua resiliência e sacrifícios”.

No mês de janeiro, uma grande manobra política foi realizada pelo imperialismo no Líbano para tentar enfraquecer o Hesbolá. Foi eleito um novo presidente, em um acordo com o partido xiita, mas o primeiro-ministro foi eleito por meio de um golpe tanto contra o Hesbolá, quanto contra o novo presidente. Os acontecimentos de domingo, no entanto, mostra a força real que possui o partido. Além das armas, que derrotaram “Israel”, ele tem o povo, determinado a se manter na terra.

O Hamas também se pronunciou: “enviamos nossas saudações e apreço ao povo irmão libanês, especialmente aos comboios de retornados às aldeias do sul, que continuam sob ocupação sionista, apesar do vencimento do prazo de 60 dias para a retirada das forças de ocupação dos territórios libaneses ocupados, conforme o acordo de cessar-fogo, na madrugada deste domingo”.

E ainda afirmou: “o povo do sul do Líbano escreveu uma épica heroica ao romper as barreiras do exército de ocupação, libertar sua terra e retornar a ela apesar da ocupação, sacrificando dezenas de mártires e feridos desde esta manhã. Eles reafirmam seu apego à sua terra, aldeias, propriedades e casas, das quais nunca abrirão mão, nem permitirão que as forças de ocupação permaneçam em sua terra sob pretextos falsos que refletem as ambições do inimigo nas terras e águas do sul do Líbano”.

Apesar da coragem heroica do povo libanês, a situação no sul do país ainda é muito incerta. O Estado de “Israel” agora terá de decidir se irá massacrar a população, o que irá aumentar a popularidade do Hesbolá no Líbano e justificar mais a resistência, ou se irá recuar diante do povo desarmado, algo que é humilhante para o exército sionista. A verdade é que o Hesbolá derrotou “Israel” em novembro de 2024 e os sionista até hoje tentam esconder sua derrota, algo que está cada vez mais impossível.

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