Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública, disse na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que o crime se infiltra nos setores econômicos e políticos. Defendendo uma ação coordenada entre os partidos e as instituições, fez um apelo aos dirigentes partidários, durante os depoimentos à CPI do Crime Organizado no Senado Federal, nesta terça-feira (9).
Lewandowski afirmou que o país enfrenta um “fenômeno absolutamente novo” e que o Estado e as instituições ainda estão aprendendo a lidar com a atual situação. “Estamos diante de um fenômeno inusitado, que merece um estudo muito sério por parte de todos os Poderes da República, sobretudo dos integrantes das forças de segurança pública. Estamos, na verdade, conhecendo esse novo adversário”, declarou.
Segundo o ministro, o crime organizado tem avançado sobre as estruturas formais do Estado, exigindo que os partidos políticos adotem mecanismos próprios de triagem para impedir infiltrações. “Só uma atitude repressiva policial, só os cuidados da Justiça Eleitoral não são suficientes. Os presidentes dos partidos políticos têm a responsabilidade de fazer a triagem”, afirmou, alertando que as organizações não operam mais apenas em mercados ilegais tradicionais, como o tráfico de drogas e roubos. “O crime hoje está migrando da legalidade para a ilegalidade. Ele está se infiltrando no setor de combustíveis, da coleta de lixo, da construção civil, de streaming. É um crime que hoje está infiltrado até no setor político”, complementando que nas últimas eleições municipais houve atuação conjunta entre o governo federal e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para prevenir as influências criminosas.
O relator do caso Alessandro Vieira (MDB-SE) afirmou, elevando o tom, que o crime organizado não se resume ao “pobre armado na favela”, mas também se manifesta em “gabinetes e escritórios” em Brasília. Mencionando que há infiltrações “notórias” por meio dos lobbies e de práticas de advocacia que comercializam o acesso às autoridades, citando as investigações em curso no Supremo Tribunal de Justiça (STF). Criticou ainda as autoridades que usufruem de viagens, hospedagens e eventos financiadas pelas organizações criminosas.
A afirmação de Alessandro Vieira e de Ricardo Lewandowski gerou reação imediata do senador Marcos do Val (Podemos-ES), reagindo que a declaração criava suspeita generalizada sobre os 81 senadores. Pediu que o relator fizesse um adendo “Tenho certeza que não foi a intenção do senhor”, replicou. Vieira manteve não recuou à crítica. “A frase utilizada por campanhas financiadas pelo crime organizado”, declarou. Reiterou que os parlamentares ligados a bets, lobbies de bancos ou práticas que normalizem contratações suspeitas estão, praticamente, vinculando-se às organizações criminosas. Conforme o relator, o país está “doente” e normalizou comportamentos incompatíveis com a ética pública. “O Estado brasileiro está sendo sequestrado também”, criticou.
Lewandowski respondeu que condena qualquer infração ética ou penal e afirmou que o país já dispõe de um corpo normativo robusto para lidar com desvios. Disse que o desafio é fazer cumprir as regras e reforçar a fiscalização. Em relação ao financiamento eleitoral, o ministro afirmou que há “carência de controle” e que a Justiça Eleitoral deve aperfeiçoar seus mecanismos, sobretudo diante dos altos valores do fundo partidário e eleitoral. Mencionou até a possibilidade de criar um órgão específico para fiscalizar essas verbas e reforçou: “Leis nós temos. É preciso colocá-las em prática”.
O ministro também destacou ações recentes do ministério para fortalecer o combate ao crime organizado. Segundo ele, o governo assinou 12 acordos de cooperação internacional em 2025 e o Brasil passou a integrar a Europol como o terceiro país fora da Europa a compor a rede. “O crime organizado é um fenômeno novo. Saiu do mundo físico para o digital, transcendeu fronteiras, mudou de natureza”, afirmou. Para ele, a resposta precisa ser coordenada e multidimensional. Ele defendeu que alianças internacionais e operações integradas são fundamentais para enfrentar a expansão das organizações criminosas sobre setores econômicos, digitais e institucionais. “O combate exige uma ação local, nacional e internacional”, disse.
Toda essa movimentação contra o “crime organizado”, que nunca foi uma novidade, é um esforço da burguesia para controlar quem pode ou não se eleito.
O “combate” ao crime serve também para integrar o País ao comando do imperialismo por meios de acordos como este, que nos integra à Europol.
Outro objetivo da burguesia é fortalecer a Polícia Federal, uma instituição que foi fundamental para o golpe contra Dilma Rousseff. A ideia é criar uma super polícia, quase um poder paralelo, que age sob comando do FBI e do Mossad.





