No dia 22 de dezembro de 2025, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciou uma mudança de posição sua em relação ao aparato de repressão estatal. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Lewandowski — que até ontem rejeitava a divisão de sua pasta — passou a defender abertamente a criação de um Ministério da Segurança Pública. Além da mudança, o ministro disse esperar pela aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC) da Segurança e um aporte bilionário de recursos.
O que Lewandowski pretende, além de aumentar o aparato policial em todo o País, é a federalização da repressão. Sob o pretexto de combater o “crime organizado”, a PEC que ele tanto almeja busca concentrar nas mãos do Executivo o controle sobre as diretrizes das polícias estaduais, criando um superaparato de vigilância nacional.
É sintomático que o ministro elogie a “Operação Carbono Oculto” porque “não foi disparado um tiro”. Ainda que as operações em que ocorrem tiros, como a chacina dos Complexos da Penha e do Alemão, sejam criminosas, o apelo à “inteligência” e ao uso de dados (Coaf, Receita Federal) é uma política tão ou mais nociva. O próprio aparato de repressão visa substituir o confronto direto — que gera desgaste político — por uma asfixia burocrática que permita ao Estado espionar seus alvos com precisão, sem precisar prestar contas à sociedade.
A oposição de Lewandowski ao projeto de lei da dosimetria também revela a sua política antidemocrática. Ele classifica a diminuição das penas como um “estímulo a futuros atentados”, tratando qualquer tentativa de impor limites ao arbítrio judicial do STF como uma ameaça ao Estado Democrático de Direito.
As declarações de Lewandowski expõem como o governo Lula está completamente cercado por “aliados” que são, na verdade, garotos de recado do imperialismo. A política de Lewandowski, além de favorecer a repressão em todos os aspectos, abre o caminho para que o imperialismo aumente ainda mais a vigilância sobre a população.





