A Revolta dos Malês iniciou-se em 24 de janeiro de 1835, em Salvador, Bahia, e contou com a participação de cerca de 600 homens. Suas principais motivações eram a luta pela libertação do povo negro da condição de escravos e a garantia da liberdade religiosa. Os revoltosos ficaram conhecidos como “malês”, por serem em sua maioria africanos praticantes do islã e falantes de iorubá. O termo “malê” origina-se da palavra iorubá “imalê”, que significa “muçulmano”. Na Bahia, eram frequentemente chamados de “nagôs”.
Confrontos com a polícia
A revolta teve início na noite de 24 de janeiro, após o prefeito de Salvador, Francisco de Souza Martins, receber uma denúncia anônima sobre uma possível insurreição. Diante disso, ele ordenou ao chefe de polícia, Francisco Gonçalves, que dobrasse a quantidade de patrulhas nos distritos da cidade e detivesse qualquer pessoa suspeita ou em posse de armas.
Durante uma dessas rondas, a polícia encontrou um grupo de 60 rebeldes, e um confronto teve início. Muitos insurgentes percorreram as ruas da cidade tentando reunir o maior número possível de escravos para participar da revolta, enquanto outros se dirigiram à Câmara Municipal para libertar Pacífico Licutan, um dos líderes da revolta. No entanto, acabaram sendo detidos.
Os confrontos espalharam-se por diversos pontos de Salvador, mergulhando a cidade em caos. A última batalha ocorreu na região de Água de Meninos, onde os rebeldes enfrentaram o quartel da cavalaria. A partir desse momento, os malês foram derrotados.
Os rebeldes sobreviventes enfrentaram severas punições, que incluíram deportação forçada para o continente africano, 16 condenações à morte (das quais 4 foram executadas) e penas de açoites, que variaram entre 300 e 1.200 chibatadas.
Repercussão nacional
Apesar de sua derrota, a Revolta dos Malês causou grande temor em Salvador e teve repercussão em todo o País, servindo como inspiração para outras lutas do povo negro. Os malês, com sua organização e mobilização, confrontaram o regime político da época e, de certa forma, enfraqueceram sua estrutura.
Através de movimentos como o dos malês, o povo negro no Brasil conseguiu, a duras penas, pressionar e, eventualmente, forçar o fim da escravidão, deixando um importante legado de luta.