HISTÓRIA DA PALESTINA

Khalil Baidas, um pioneiro da literatura palestina

Baidas denunciou o colonialismo britânico, traduziu clássicos russos e foi exilado após a Nakba

Khalil Baidas, nascido em Nazaré no fim do século XIX, foi uma das figuras mais notáveis da luta nacional e cultural do povo palestino contra a dominação estrangeira e o avanço da colonização sionista. Filho de Ibrahim e Warda, Baidas formou-se no Colégio Russo de Professores em sua cidade natal e, posteriormente, atuou como diretor de diversas escolas ortodoxas na Síria e no Líbano, até assumir a direção da escola ortodoxa em Haifa, em 1908.

Foi neste período, impulsionado pela reabertura do Parlamento otomano, que Baidas fundou a revista Al-Nafa’is, que se tornou posteriormente Al-Nafa’is al-‘Asriyya. A publicação foi um importante centro de expressão literária e política da Palestina e do mundo árabe, reunindo autores e poetas que passaram a formar o embrião de uma literatura nacional palestina. O periódico circulou até o início da Primeira Guerra Mundial, sendo retomado em 1919 e encerrado em 1923.

Reconhecido por sua erudição e firmeza de princípios, Baidas foi escolhido em 1911 para representar os árabes cristãos ortodoxos no Conselho Misto do governo otomano, responsável por supervisionar os assuntos da comunidade ortodoxa na Palestina e na Transjordânia. Estabelecido em Jerusalém, ele logo se destacou como uma voz ativa contra o projeto sionista, denunciando em artigos publicados em jornais como Al-Ahram e Al-Muqattam os perigos da imigração judaica patrocinada pelas potências imperialistas.

Com o início da Revolta Árabe em 1916, Baidas foi condenado à morte pelas autoridades otomanas, mas conseguiu se refugiar na sede do Patriarcado Ortodoxo em Jerusalém, escapando da execução. Após a ocupação britânica da Palestina, participou de manifestações contra a Declaração Balfour em 1920 e, por isso, foi preso pelos britânicos, sendo condenado a 15 anos de prisão.

Durante o cárcere na prisão de Acre, escreveu uma obra em que denunciava o sistema carcerário colonial e os maus-tratos aos prisioneiros políticos. Após pressão popular, foi anistiado pelo Alto Comissário britânico Herbert Samuel.

Após sua libertação, Baidas lecionou língua árabe na Escola St. George, permanecendo no posto até 1945. Seu legado como educador e intelectual é inestimável. Foi um dos primeiros tradutores do russo para o árabe, vertendo obras de autores como Tolstói e Púchkin, e introduzindo na literatura palestina uma abordagem mais realista, voltada para a vida do povo.

Seu engajamento político nunca foi dissociado de sua produção literária. Baidas considerava a luta cultural parte indissociável da resistência nacional. Reuniu ao longo da vida uma biblioteca com manuscritos e livros valiosos, mas toda sua coleção foi saqueada pelos sionistas em 1948, quando milícias invadiram o bairro em que morava, forçando-o, aos 73 anos, a abandonar sua casa em Jerusalém e buscar refúgio a pé na vila de Silwan. Mais tarde, exilou-se em Amã e depois em Beirute, onde faleceu em 1949.

Baidas deixou uma produção de 44 livros, entre obras próprias e traduções. Em 1990, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) lhe concedeu postumamente a Medalha Jerusalém de Cultura, Artes e Literatura, em reconhecimento ao papel desempenhado por ele na afirmação da identidade nacional palestina frente à dominação colonial britânica e ao avanço da ocupação sionista.

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