O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou que renunciará tanto à liderança do Partido Liberal quanto ao cargo de primeiro-ministro assim que for escolhido um substituto. Ele atribuiu sua decisão a “batalhas internas” dentro do partido governista, que tornaram impossível sua liderança nas próximas eleições, previstas para outubro deste ano.
O anúncio foi feito na segunda-feira, 6 de janeiro de 2025, na residência oficial de Trudeau, em Rideau Cottage, Ottawa, após semanas de crescente pressão dentro da bancada liberal e uma queda dramática em sua popularidade nas pesquisas nacionais.
“Este país merece uma verdadeira escolha nas próximas eleições, e ficou claro para mim que, se eu tiver que lutar batalhas internas, não poderei ser a melhor opção nessa disputa,” declarou Trudeau.
Uma eleição geral deve ocorrer até 20 de outubro. Trudeau informou que pediu ao presidente do Partido Liberal que inicie o processo para escolher um novo líder.
Além disso, o agora ex-primeiro-ministro solicitou a suspensão temporária do Parlamento, interrompendo todas as atividades parlamentares, incluindo debates e votações, até 24 de março. Atualmente, os parlamentares estão em recesso e têm retorno previsto para 27 de janeiro.
Essa foi a primeira vez que Trudeau se pronunciou publicamente desde a inesperada renúncia da ex-ministra das Finanças e vice-primeira-ministra Chrystia Freeland, em 16 de dezembro. Freeland, cuja ligação familiar com colaboradores nazistas na Ucrânia durante a Segunda Guerra Mundial foi tema de polêmicas, deixou o governo após disputas sobre a resposta planejada ao anúncio do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de impor uma tarifa de 25% sobre todas as importações canadenses.
Trudeau chegou a viajar para a propriedade de Trump, em Mar-a-Lago, numa tentativa de evitar uma guerra comercial, mas os esforços parecem ter fracassado.
Filho de Pierre Trudeau, também ex-primeiro-ministro, Justin Trudeau chegou ao poder em 2015, liderando os liberais a vitórias consecutivas em 2019 e 2021. Durante seus dois primeiros mandatos, promoveu reformas no Senado, assinou um novo acordo comercial com os Estados Unidos, legalizou a cannabis, realizou um inquérito público sobre mulheres indígenas desaparecidas e assassinadas, e aprovou a legalização da morte assistida.
Entretanto, sua popularidade foi afetada por políticas impopulares, como a implementação de um imposto sobre carbono, imigração em massa, lockdowns severos durante a pandemia de Covid-19 e a repressão ao protesto de caminhoneiros conhecido como “comboio da liberdade”.
Pesquisas recentes mostram os liberais atrás dos conservadores, liderados por Pierre Poilievre.