Famílias sem terras acampadas na Fazenda Mutamba em Marabá (PA) estão à beira de sofrer despejo e desocupação aos moldes das desocupações promovidas pelas forças de segurança no Pará.
São 115 famílias, quase mil pessoas ligadas à associação rural Terra Prometida e Agricultores do Balão que entraram com recurso 3 recursos de apelação que não foram julgados, no entanto, o juiz da Vara Agrária da 3ª Região de Marabá, Amarildo José Mazutti ordenou cumprimento provisório da sentença e que se execute a reintegração de posse pedida pela pecuarista Maria Nazaré Monteiro Mutran, antes do julgamento dos recursos.
Conforme alguns relatos indicam as pessoas estão com medo, informam que tem guardas armados rondando a fazenda, dentro das plantações do acampamento o gado é solto para destruir a plantação dos sem terra. Algumas pessoas já foram embora com medo de um massacre iminente, conforme ocorreu recentemente 11 de outubro de 2024 quando dois helicóptero da polícia civil da delegacia de conflitos agrários entraram no acampamento e mataram 2 homens e prenderam outros 4 após horas de tortura.
Helder Barbalho MDB governador paraense disse ter ocorrido troca de tiros, no entanto a Comissão Pastoral da Terra – CPT, o instituto José Cláudio e Maria – IZM e outras entidades afirmam que os sem-terra foram executados, um deles enquanto dormia. O delegado Antônio Mororó responsável pela operação “Fortis Status” tem feito várias incursões violentas e recentemente o assentamento recebeu a visita de um oficial de justiça dando prazo de 15 dias.
O prazo vence no final de janeiro e a justiça marcará audiência para comunicar a data da remoção forçada.
Há duas formas dos 12.229 hectares da Fazenda Mutamba destinados a famílias sem-terra que a ocupam: a primeira é desapropriação por interesse social ou aquisição por meio de compra do Incra, a segunda opção depende de concordância da família Mutran.
A fazenda Mutamba foi beneficiada com o apossamento das terras do Estado na época da ditadura, grilaram todo o território utilizado para plantação de castanhas do Pará e devastaram grande parte para produzir capim e engordar o gado. Isso sem contar o fato de que a fazenda tem histórico de escravizar trabalhadores da região, uma família manchada pelo crime na região.
As terras são públicas e a tragédia apesar de anunciada pode ser evitada.