Em artigo publicado no Poder360, o jornalista Janio de Freitas mostra sua empolgação com o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), marcado para ter início na próxima terça-feira (2).
Segundo ele, “o julgamento do ex-presidente e dos generais golpistas será, espera-se, a efetivação do marco de legalidade democrática iniciado com o inquérito, no Supremo Tribunal Federal, sobre a organização golpista em torno de Bolsonaro”.
Trata-se do exato oposto. O julgamento é um marco de uma ditadura que vem a passos largos para o Brasil.
O trecho busca enganar o leitor, indicando que o Brasil estaria dando uma resposta à tutela militar sobre o regime político. Afinal, os “generais golpistas” estariam no banco dos réus.
A questão é que os militares que estão sendo julgados não são figuras centrais no comando das Forças Armadas. A alta cúpula militar é diretamente ligada ao imperialismo norte-americano — o mesmo imperialismo que defende a prisão de Bolsonaro, como pôde ser visto na capa da revista britânica The Economist.
A ingerência do imperialismo sobre o País segue cada vez maior. Por meio das Forças Armadas, o imperialismo pressiona o governo a não romper relações com o Estado de “Israel” e a não tomar uma posição de defesa da Venezuela. Por meio do Judiciário, organizou o golpe de Estado de 2016 contra o governo de Dilma Rousseff (PT). Quanto a isso, não há avanço nenhum.
A relevância do julgamento de Bolsonaro é que ele está servindo para que o Judiciário inaugure uma série de novidades jurídicas que servirão para demolir os direitos democráticos da população. O estabelecimento de penas escatológicas para pessoas que participarem de manifestações e a acusação de “golpe de Estado” por lideranças que criticarem o processo eleitoral, são parte de uma preparação para uma ditadura.




