No dia 3 de outubro de 1981, o tenente-coronel aviador José Alberto Albano do Amarante, engenheiro eletrônico formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), veio a óbito. A causa, a princípio, não deveria levantar suspeitas: o militar foi vítima de leucemia, doença muitas vezes fatal. No entanto, tanto as circunstâncias de sua morte, quanto acontecimentos políticos importantes indicavam que, na verdade, Amarante foi vítima de um assassinato.
Naquele período, a indústria nuclear brasileira já estava em uma fase muito difícil. Após os esforços de militares nacionalistas, como Álvaro Alberto, que, durante a Era Vargas, travaram uma luta para que o Brasil se desenvolvesse com independência nesta área, a contrarrevolucionária ditadura militar de 1964-1985 tornou o País cada vez mais submisso ao imperialismo na questão da energia atômica.
Ainda que comprometido, de maneira geral, com a política nuclear ditada pela Casa Branca, as contradições da burguesia brasileira permitiram que, durante a ditadura militar, houvesse programas que buscassem desenvolver a indústria nuclear brasileira. Em um caso marcante, o governo de Ernesto Geisel assinou um tratado com a Alemanha, o que acabou levando à construção de um reator nuclear em Angra dos Reis (Rio de Janeiro).
Também durante esse período, José Alberto Albano do Amarante estabeleceu uma parceria com o Iraque de Saddam Hussein, que sempre teve uma relação muito ambígua em relação ao imperialismo. Hussein, apesar de ter liderado uma contrarrevolução contra o Irã, sempre foi um inimigo de “Israel”.
Por causa dessa parceria, a família de Amarante acusa os serviços de inteligência de Estados Unidos e “Israel” de terem sido os responsáveis por sua morte. A relação entre Iraque e “Israel” vivia uma grande tensão no período, uma vez que a entidade sionista havia lançado um ataque aéreo ao reator nuclear de Osirak, no Iraque, que vinha sendo construído pelos franceses. O ataque ocorreu em 7 de junho de 1981, usando aeronaves F-15 e F-16 fornecidas pelos Estados Unidos. 10 soldados iraquianos e um engenheiro francês foram assassinados durante o ataque aéreo.
Diante dessa conjuntura, e também diante do fato de que a leucemia que acometeu Amarante o matou em menos de duas semanas, a família do militar desconfia de que ele foi morto por envenenamento. Para reforçar ainda mais as suspeitas, um agente israelense do Mossad, de nome Samuel Giliad, vivia em São José dos Campos na época em que Amarante foi morto, mas deixou o País logo após ele vir a óbito.