A explicação de Manoel sobre a suposta origem do Hamas não é nova. É uma versão de uma história caluniosa que tem sido espalhada nas redes sociais, que procura apontar o Hamas como se fosse uma criatura de “Israel” — coisa difícil de acreditar diante do estrago irreversível que o Hamas está causando à entidade sionista.
A história é, em si, absurda. O Hamas não é criação de nenhum órgão de inteligência, é o resultado da luta do povo palestino durante as intifadas. É a expressão do levante revolucionário de um povo traído pelos governos árabes e por suas organizações anteriores.
É curioso que Jones Manoel difunde essas calúnias contra um grupo que dirige a revolução palestina e sequer se deu ao trabalho de pesquisar para ver se a história tem alguma procedência, o que não tem. Assim como as histórias sobre os bebês queimados no forno, não passa de uma peça de propaganda sionista.
Ainda assim, mesmo que “Israel” tivesse apoiado por engano o Hamas no início da formação do grupo, isso hoje não teria nenhuma importância. Afinal, não faz sentido você levantar uma coisa que teria acontecido 20 anos atrás diante do que está acontecendo hoje. É uma intriga que visa desmoralizar a luta.
Isso mostra bem a política do Jones Manuel e de boa parte da esquerda pequena-burguesa. Eles não apoiam a resistência palestina. A posição deles em relação ao que está acontecendo em Gaza é uma posição “humanitária”, semelhante à da rede Globo. Não
Isso revela que é uma esquerda totalmente sem noção do que está acontecendo no mundo.
Por fim, um destaque à parte folclórica. Jones Manoel fala em uma Frente de Libertação Nacional do Povo Palestino, provavelmente se referindo à Frente Popular para a Libertação da Palestina. Isso só mostra a ignorância do youtuber, que, além de não saber o nome correto da organização, ainda sequer sabe a versão original da calúnia, que diz que o Hamas teria sido criado para se opor à Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Acontece que a OLP é, hoje, um puxadinho do Estado de “Israel”. O Hamas é a reação à capitulação deste grupo e, por isso, a direção das massas palestinas.