O Japão aprovou nesta sexta-feira (26) um orçamento de defesa histórico, superior a 9 trilhões de ienes (R$318 bilhões), para o ano fiscal de 2026. Esse valor representa um salto de 9,4% em relação a 2025 e marca o quarto ano consecutivo de um plano quinquenal que visa dobrar os gastos militares para 2% do PIB, transformando o Japão no terceiro maior orçamento armamentista do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e China.
Historicamente limitado pela Constituição de 1947 – imposta após a derrota na Segunda Guerra Mundial –, o Japão abandona agora qualquer resquício de moderação. A política de segurança de 2022 já classificava a China como “maior desafio estratégico”, mas o novo orçamento acelera a guinada ofensiva: mais de 970 bilhões de ienes (US$6,2 bilhões) para mísseis de “standoff” (ataque à distância), incluindo 177 bilhões para os antinavio Type-12, com alcance de 1.000 km. Esses serão implantados antecipadamente em Kumamoto, no sudoeste, visando ilhas estratégicas próximas a Taiuã e às rotas marítimas chinesas.
Além disso, 100 bilhões de ienes financiam um “exército massivo” de aeronaves e veículos marítimos e subaquáticos no sistema SHIELD, previsto para 2028. Devido à crise demográfica japonesa – envelhecimento populacional e falta de recrutas –, O governo japonês aposta em importações urgentes de Turquia ou “Israel”.
Após a primeira-ministra Sanae Takaichi declarar em novembro que as Forças de Autodefesa poderiam intervir militarmente contra uma invasão chinesa a Taiuã – ilha que a China reivindica como território irredimível –, as relações azedaram. Exercícios recentes de dois porta-aviões chineses perto de Iwo Jima, no sul japonês, incluíram radares travados em aviões do Japão, interpretados como ensaio para disparos de mísseis.
A China, por sua vez, acusa o Japão de “reviver o militarismo japonês” e desestabilizar a Ásia. “Esses atos provocativos alimentam uma corrida armamentista perigosa”, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, prometendo “medidas resolutas”.
O orçamento total nacional de 122,3 trilhões de ienes precisa de aval parlamentar até março, financiado por aumentos em impostos corporativos, tabaco e renda (a partir de 2027).



