Coluna

Já vivemos sob uma ditadura judicial

Quem acha que vivemos em uma democracia deve acordar

Deusa da Justiça

Muita gente acha que vivemos sob um regime democrático. Pensam que as instituições funcionam normalmente e que a ocorrência de eleições periodicamente é uma forte evidência de que a democracia vai bem. Acontece que isso é uma miragem. As eleições são totalmente manipuladas pelo dinheiro, uma vez que apenas candidatos com fundos partidários milionários são eleitos, e há uma forte ingerência do Judiciário sobre todas as instituições da república, inclusive o Executivo e o Legislativo.

Vamos aos fatos. Muitas vezes, o judiciário alega que há uma “omissão” do Congresso Nacional frente a alguns temas e decide interferir diretamente em matérias legislativas. Foi assim no caso da equiparação de crimes de racismo, homofobia e transfobia, feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que abriu as portas para botar mais gente na cadeia sob o vago guarda-chuva da “intolerância”. Foi assim também recentemente na questão da “omissão dolosa de salários”, que embora pareça uma medida progressista, pois tipifica como crime o patrão deixar de pagar os salários, no fundo, é mais uma intromissão do judiciário no legislativo.

As arbitrariedades do judiciário não se limitam à sua intromissão no legislativo, chegando inclusive a subverter os ritos processuais ordinários e violar garantias fundamentais. Vejamos mais exemplos. Durante audiência recente, o ministro Alexandre de Moraes falou ao tenente-coronel Mauro Cid que ele tinha uma “última chance de dizer a verdade”, e que se não o fizesse, isso poderia levar à prisão da sua esposa, sua filha e seu pai. Trocando em miúdos, se Mauro Cid não dissesse o que Moraes queria, ele seria preso. Isso é um inquérito judicial normal?

Arbitrariedade similar foi perpetrada por Moraes quando ele expediu uma intimação ao ex-presidente Bolsonaro quando este se encontrava na UTI. Isso não só contraria os princípios mais básicos do bom-senso, como abre um perigoso precedente para que qualquer pessoa seja intimada em uma ala de tratamento intensivo do hospital, podendo chegar ao caso esdrúxulo de a pessoa ser intimada na sala pré-cirúrgica. Isso é democracia?

Há os que pensam que toda essa ingerência judicial é positiva, pois está voltada contra a extrema-direita. Ignoram que hoje é a direita, mas amanhã será a esquerda, assim como foi durante a operação lava-jato e quando o STF impediu Lula de ser candidato às eleições de 2018. É importante considerar que já há claros sinais de que essas perseguições judiciais irão se voltar contra a esquerda no futuro próximo. Por exemplo, em junho de 2022, Alexandre de Moraes determinou o bloqueio das contas do PCO em todas as redes sociais, alegando que o partido “atacava as instituições democráticas e o Estado de Direito”, incluindo-nos no “inquérito das fake news”. Agora, estão querendo cassar o nosso partido, alegando que somos uma organização terrorista e racista. É uma loucura total.

As arbitrariedades perpetradas pelo STF têm efeitos ainda mais deletérios nas instâncias inferiores do sistema judicial, que passam a seguir as arbitrariedades perpetradas pela corte suprema. Por exemplo, uma vítima da sanha persecutória do judiciário sob o pretexto de combater o “discurso de ódio” foi o jornalista Breno Altman, condenado em mais de um processo por defender o fim do estado de Israel. Nesse mesmo período, o Chavoso da USP foi condenado recentemente pela justiça por, pasmem, chamar o ex-prefeito de Guarulhos de “vagabundo”. Imaginem se todo mundo que xingar algum político for condenado pela justiça. Pior ainda é a condenação recente de uma mulher por ter chamado a primeira-dama do Mato Grosso de “bibelô de prateleira de pensão de beira de estrada”, uma ofensa inócua que agora é passível de condenação judicial. Eis o hospício.

Em síntese, esses acontecimentos indicam que o debate político caminha progressivamente para a censura total e, além disso, qualquer cidadão comum corre o risco de ser punido por expressar qualquer crítica a pessoas públicas, até mesmo as mais brandas. Precisamos interromper as arbitrariedades judiciais e promover uma transformação profunda no sistema de Justiça. Para isso, é necessário ampliar a participação popular nas decisões judiciais, defendendo, por exemplo, a eleição direta para os ministros do STF, como forma de estabelecer mecanismos de controle social sobre o Judiciário. Esse poder precisa estar submetido ao controle democrático do povo, e não restrito aos interesses das elites, como ocorre atualmente. Precisamos denunciar essa ditadura judicial, e explicar à população que as arbitrariedades judiciais não são um risco, mas sim uma realidade concreta.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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