Desde a derrubada de Bashar Al-Assad na Síria, o país se tornou um verdadeiro campo de guerra, sendo disputado por várias organizações e países, incluindo o Estado de “Israel”. Invasões, roubos, sequestros, tiroteios, bombardeios e deslocamentos forçados são algumas das situações que acontecem diariamente na Síria, em praticamente todas as regiões do país.
Nessa quarta-feira (30), a emissora libanesa Al Mayadeen noticiou que “Israel” anunciou ter realizado um ataque em território sírio, sob o pretexto de atingir um “grupo extremista” que supostamente se preparava para lançar um ataque contra membros da comunidade drusa na Síria. A situação ocorre em meio à escalada de violência em áreas povoadas por drusos, perto de Damasco.
“Em uma declaração conjunta, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netaniahu e o ministro da Segurança Israel Katz disseram que o ataque tinha como alvo o ‘grupo extremista’, que estava prestes a continuar seu ataque aos moradores drusos na cidade de Sahnaya, ao sul de Damasco” — informou a Al Mayadeen. Os confrontos foram relatados entre forças de segurança armadas drusas e sírias.
No mesmo dia, o Ministério da Saúde sírio informou que o número de mortos nos confrontos na cidade de Ashrafiyat Sahnaya, na zona rural de Damasco, subiu para 11, incluindo membros da Diretoria Geral de Segurança, além de vários feridos. Uma fonte de segurança em Damasco disse à SANA que grupos armados e “proscritos” da área de Ashrafiyat Sahnaya atacaram um posto de controle pertencente à Diretoria Geral de Segurança na noite de terça-feira, ferindo três policiais com graus variados de gravidade.
Simultaneamente, outros grupos se espalharam por terras agrícolas próximas e abriram fogo contra veículos civis e viaturas da Direção Geral de Segurança nas estradas, resultando na morte de seis pessoas e no ferimento de outras. O Ministério do Interior sírio enfatizou que “não hesitará em confrontar esses criminosos e atacará com punho de ferro qualquer um que tente desestabilizar a Síria e atingir seu povo”.
De acordo com a Al Mayadeen, vários moradores drusos no Golã sírio ocupado violaram a cerca de separação ao longo da fronteira com a Síria para expressar solidariedade aos drusos de Ashrafiyat Sahnaya, após os confrontos mortais na zona rural de Damasco. Esses acontecimentos ocorrem um dia após confrontos na cidade vizinha de Jaramana, entre grupos armados locais e forças pró-governo, que resultaram em baixas de ambos os lados.
O Conselho Militar de Sweida condenou veementemente “a escalada terrorista que teve como alvo a cidade de Ashrafiyat Sahnaya”, responsabilizando a autoridade de fato diretamente “por cada gota de sangue derramada de nossa comunidade drusa, bem como pelo sofrimento contínuo de civis inocentes devido a esses ataques hediondos”.
“A cumplicidade e o silêncio dessas partes são vistos como uma clara parceria na incitação e nos crimes dirigidos contra nós, drusos, que ameaçam todo o tecido nacional sírio” — enfatizou o Conselho Militar em comunicado divulgado pelo jornal libanês, ressaltando que “defender nosso povo e a dignidade de nossa nação é uma obrigação que não deixa espaço para neutralidade”.
Em outra situação, também em Damasco, centenas de famílias alauítas estão sendo expulsas de suas casas e bairros. Bassam Alahmad, diretor executivo da organização Sírios pela Verdade e Justiça (STJ), afirmou: “Definitivamente, não estamos falando de incidentes independentes. Estamos falando de centenas, senão milhares, de casos de despejos.” A remoção em massa de alauítas de propriedades privadas não havia sido relatada anteriormente.
Segundo a Al Mayadeen, um funcionário da diretoria rural de Damasco afirmou ter recebido “centenas de reclamações de pessoas que foram despejadas violentamente”. Um prefeito alauíta, que pediu anonimato, disse à Reuters que “250 famílias de 2.000” foram forçadas a sair. Os responsáveis pelas expulsões seriam integrantes de um grupo denominado GSS, composto em grande parte por militantes que participaram da tentativa de derrubar Al-Assad.
De acordo com relatos colhidos pela emissora libanesa, famílias alauítas afirmam que homens armados e mascarados, que se dizem do GSS, confiscam suas casas dando apenas algumas horas para que saiam, sob pressão de sequestros e intimidações.
Rafaa Mahmoud, uma mulher alauíta, descreveu uma dessas situações. Em 20 de fevereiro, sete homens armados invadiram seu apartamento e ameaçaram matar sua família caso não entregassem a casa. Os homens chamaram sua família de “infiéis e porcos”. Quando ela pediu uma ordem judicial, eles responderam: “aqui, só fazemos as coisas verbalmente”.





