As forças de ocupação israelenses expandiram recentemente sua presença na região sul da Síria, tomando controle de territórios significativos na zona tampão estabelecida pelo Acordo de Desengajamento de 1974. Essa expansão não apenas viola os termos do acordo, mas também intensifica a ocupação e a pressão sobre a população síria local. O avanço israelense se estendeu desde as encostas orientais do Monte Hermon, próximo à fronteira com o Líbano, até o vale do rio Yarmuk, na divisa com a Jordânia. Essa manobra inclui o estabelecimento de postos de controle, barreiras de terra e restrições severas de circulação, impactando drasticamente a vida cotidiana dos habitantes da região.
A ocupação não se limita ao controle territorial, mas também à apropriação de recursos hídricos estratégicos. Barragens e rios vitais para o abastecimento de água e irrigação foram tomados pelas forças israelenses, incluindo a barragem de Al-Mantara, localizada dentro da zona tampão, e outras nove barragens situadas nas províncias de Quneitra e Dara’a. Essas estruturas controlam o fluxo de água de rios importantes, como o Ruqqad e o Yarmuk, que são fundamentais para o abastecimento de água e irrigação na região. Com isso, o controle de recursos naturais tornou-se uma ferramenta de pressão política contra a Síria.
A estratégia israelense de tomar o controle de recursos hídricos remonta às origens do sionismo. Desde o início do século XX, líderes como Chaim Weizmann e David Ben-Gurion consideravam essencial o domínio de áreas ricas em água, como o Monte Hermon e os rios Litani, Jordão e Yarmuk, para a consolidação do projeto sionista. A ocupação dos territórios sírios e libaneses reflete essa política de longa data. Atualmente, embora “Israel” obtenha grande parte de sua água de usinas de dessalinização, essas instalações são vulneráveis em um cenário de conflito. Assim, o regime israelense continua a buscar o controle de recursos hídricos de seus vizinhos como medida de segurança estratégica.
O impacto da ocupação é profundo para a Síria, especialmente em um momento de crise generalizada de abastecimento de água no país. Com o nível do rio Eufrates em queda e sua gestão comprometida por forças estrangeiras, os rios menores, como Ruqqad, Awaj e Barada, têm se tornado cruciais para as regiões ao sul, incluindo Damasco. A perda do controle sobre essas fontes de água deixa milhões de sírios à mercê das forças israelenses. Além disso, protestos realizados por moradores locais contra as medidas impostas na região ocupada foram violentamente reprimidos, o que agrava ainda mais as tensões e a instabilidade na área.
A política israelense de expansão territorial e controle de recursos não apenas desrespeita tratados internacionais, mas também aumenta o sofrimento das populações afetadas. A apropriação dos recursos hídricos sírios reflete uma prática histórica de “Israel” de usar o acesso à água como ferramenta de dominação e chantagem.