Palestina

‘Israel’ retoma guerra genocida na Faixa de Gaza

Essa é a primeira vez, desde o acordo de cessar-fogo, que a entidade sionista volta a empregar ataques de larga escala contra o povo palestino

O Estado terrorista de “Israel” decidiu romper unilateralmente com o acordo de cessar-fogo firmado junto à liderança da Resistência Palestina, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe), realizando um ataque de grande envergadura contra a população civil palestina. A operação teve início na noite dessa segunda-feira (17), horário de Brasília, com ataques aéreos em várias regiões da Faixa de Gaza.

À meia-noite desta terça-feira (18), mais de 200 palestinos já haviam sido assassinados pelo ataque. Mais de 85 destes estavam na cidade de Khan Yunis e morreram carbonizados, como resultado de incêndios causados pelo contato das bombas israelenses com as tendas de deslocados.

Os aviões de guerra do exército sionista atacaram casas, escolas, abrigos e tendas de deslocados em diversas áreas da Faixa de Gaza.

Em uma demonstração de crueldade sem par, as forças sionistas escolheram como alvo a casa do Dr. Ayman Abu Teir, um dos poucos médicos atuantes em Gaza. 10 pessoas foram assassinadas.

No norte, dezenas de feridos chegaram ao Hospital Awda em Jabalia, e vários mártires ascenderam na Cidade de Gaza. Vítimas fatais também foram registradas no campo de Nusseirat, onde um prédio de quatro andares foi destruído.

Os ataques israelenses também atingiram locais no centro de Deir el-Balah e em Rafá, no sul. Houve mártires e feridos após os aviões de guerra bombardearem a Escola Al-Tabi’in, que abriga deslocados no bairro de Al-Daraj, no centro da Cidade de Gaza.

Segundo relatos, forças israelenses localizadas na fronteira norte de Beit Lahia dispararam contra casas e abrigos no norte da Faixa de Gaza.

A Defesa Civil de Gaza afirmou que suas equipes estão enfrentando grandes dificuldades no socorro das vítimas devido ao fato de mais de um alvo estar sendo atingido ao mesmo tempo. Isso ocorre enquanto a ocupação continua a bloquear todas as passagens e impedir a entrada de alimentos, ajuda humanitária e suprimentos médicos na Faixa de Gaza.

As principais vítimas do bombardeio israelense são crianças.

Pouco depois da meia-noite desta terça-feira (19), tanques israelenses bombardearam as áreas sul e leste de Rafá.

‘Israel’ admite retomada de sua guerra genocida

O governo israelense emitiu um comunicado oficial anunciando o bombardeio.

“O primeiro-ministro Benjamin Netaniahu e o ministro da Defesa Israel Katz instruíram as Forças de Defesa de ‘Israel’ a agir com força contra a organização terrorista Hamas na Faixa de Gaza.”

O comunicado continua dizendo que

“Isso ocorre depois que o Hamas se recusou repetidamente a libertar nossos reféns e rejeitou todas as ofertas que recebeu do emissário do presidente dos EUA, Steve Witkoff, e dos mediadores. As Forças de Defesa de Israel (IDF) estão atualmente atacando alvos da organização terrorista Hamas em toda a Faixa de Gaza, com o objetivo de alcançar os objetivos de guerra estabelecidos pelo birô político, incluindo a libertação de todos os nossos sequestrados – os vivos e os mortos.”

O comunicado diz ainda que, “de agora em diante, Israel agirá contra o Hamas com intensidade militar crescente” e que este plano foi apresentado pela Forças de Ocupação no final da semana passada e foi aprovado pelo birô político.

As Forças de Ocupação de “Israel” emitiram uma declaração conjunta com o Shin Bet, a agência de inteligência interna israelense, dizendo que estão “realizando extensos ataques a alvos terroristas pertencentes à organização terrorista Hamas na Faixa de Gaza” e que, “após uma avaliação situacional, mudanças serão feitas nas diretrizes defensivas do Comando da Frente Interna das Forças de Defesa” . Como parte das mudanças, as áreas das comunidades próximas à Faixa de Gaza passarão de Atividade Total para Atividade Limitada, ou seja, atividades educacionais não serão permitidas.

Em uma declaração emitida logo após as Forças de Ocupação de “Israel” retomarem os ataques em Gaza, o ministro da Defesa, Israel Katz, disse que “as portas do inferno se abrirão em Gaza” e que o Hamas será atingido com uma força que ele nunca “viu antes” se não liberar todos os 59 prisioneiros restantes.

“Esta noite voltamos a lutar em Gaza contra a recusa do Hamas em libertar os sequestrados e ameaças de prejudicar os soldados das Forças de Defesa de ‘Israel’ e a comunidade israelense. Se o Hamas não libertar todos os reféns, os portões do inferno em Gaza serão abertos e os assassinos e estupradores do Hamas enfrentarão as Forças de Defesa de ‘Israel’ com uma intensidade que nunca conheceram antes. Não vamos parar de lutar até que todos os sequestrados voltem para casa e todos os objetivos da guerra sejam alcançados.”

Em declaração à emissora norte-americana Fox News, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que “Israel” consultou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre os ataques.

“Como o presidente Trump deixou claro, o Hamas, os Hutis, o Irã – todos aqueles que buscam aterrorizar não apenas Israel, mas os Estados Unidos – pagarão um preço e conhecerão o inferno.”

Resistência Palestina se pronuncia

Poucas horas após os acontecimentos, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que lidera a coalizão de partidos que deflagraram a heroica Operação Dilúvio de Al-Aqsa, emitiu um comunicado condenando a ação israelense:

“Em nome de Alá, o Mais Gracioso, o Mais Misericordioso

Netaniahu e seu governo nazista retomam sua agressão e guerra genocida contra civis indefesos na Faixa de Gaza.

Responsabilizamos o criminoso Netaniahu e a ocupação nazi-sionista integralmente pelas repercussões da traiçoeira agressão à Gaza, e pelos civis indefesos e pelo nosso povo palestino sitiado, que está sendo submetido a uma guerra brutal e a uma política sistemática de fome.

Netaniahu e seu governo extremista decidiram reverter o acordo de cessar-fogo, expondo os prisioneiros em Gaza a um destino desconhecido.

Exigimos que os mediadores responsabilizem Netaniahu e a ocupação sionista integralmente pela violação e reversão do acordo.

Fazemos um apelo à Liga Árabe e à Organização da Cooperação Islâmica para assumirem sua responsabilidade histórica em apoiar a firmeza e a valente resistência de nosso povo palestino, e em romper o injusto cerco imposto à Faixa de Gaza.

Pedimos à Organização das Nações Unidas e ao Conselho de Segurança da ONU que se reúnam com urgência para adotar uma resolução que obrigue a ocupação a interromper sua agressão e a cumprir a Resolução 2735, que exige o fim da agressão e a retirada de toda a Faixa de Gaza.

Movimento de Resistência Islâmica – Hamas”

Em outro comunicado, o Hamas chamou os povos árabes e os povos livres do mundo a saírem às ruas contra a ação criminosa de “Israel”

“Conclamamos os filhos de nossa nação árabe e islâmica e os povos livres do mundo a tomarem as ruas e praças e levantarem suas vozes em rejeição à retomada da guerra de extermínio sionista contra nosso povo na Faixa de Gaza.”

Posteriormente, a Jiade Islâmica, segundo partido mais importante da Faixa de Gaza, também se pronunciou:

“O anúncio do criminoso de guerra Benjamin Netaniahu e seu governo sobre a retoma da agressão contra nosso povo na Faixa de Gaza é uma tentativa de perpetrar mais massacres como parte da guerra de extermínio diante dos olhos de todo o mundo, após sabotar deliberadamente todos os esforços para alcançar um cessar-fogo.

Essa nova agressão não dará ao inimigo a vantagem sobre a resistência, nem no terreno nem nas negociações, nem extrairá Netaniahu e seu governo nazista sedento de sangue das crises das quais estão fugindo. Pelo contrário, enfraquecerá ainda mais a situação deles e acumulará mais fracassos, e sairão dela humilhados e submissos.

Afirmamos que o que Netanyahu e seu exército bárbaro não conseguiram alcançar ao longo de quinze meses de crimes e derramamento de sangue, não serão capazes de alcançar novamente, graças à firmeza de nosso povo oprimido e à bravura de nossos mujahideen nos campos de jihad e resistência.”

A Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), um dos mais tradicionais partidos palestinos, também se pronunciou:

“A ocupação cometeu seus crimes e massacres contra os filhos de nosso povo na Faixa de Gaza, visando casas e civis inocentes, com planejamento prévio, e com parceria e apoio dos Estados Unidos, como parte da guerra de extermínio abrangente que trava contra nosso povo.

Esses crimes brutais são uma mancha na história da humanidade, pois a ocupação executou seus ataques traiçoeiros e crimes bárbaros apesar de haver um acordo de cessar-fogo, sem se importar com as consequências, devido à cumplicidade internacional contínua com seus crimes de guerra contra nosso povo.

Todos os atores internacionais devem agir imediatamente para interromper a guerra de extermínio que foi retomada pelo governo de criminosos de guerra.

Os povos árabes e os povos livres do mundo devem agir urgentemente em todos os campos, condenando esses crimes brutais e cercando as embaixadas da ocupação e de seu parceiro americano.

Exigimos que a Liga Árabe coloque em prática as decisões da sua última cúpula e adote posições claras e decisivas para levantar o cerco sobre a Faixa de Gaza e parar a guerra de extermínio contra nosso povo.”

Comunidade internacional se acovarda

De acordo com denúncia veiculada por canais ligados à Resistência Palestina no Telegram, as forças de inspeção dos Estados Unidos, Catar e Egito, posicionadas no Corredor de Netzarim em Gaza, que deveriam garantir a paz na região, retiraram-se para um local seguro quando a Força Aérea de “Israel” começou a bombardear a Faixa.

Imprensa brasileira acoberta crimes de “Israel”

Às 22h30, quando o número de mortos já ultrapassava 60, os principais jornais do Brasil apresentavam o morticínio causado por “Israel” como um ataque qualquer e atribuía a ação de “Israel” a um “impasse”, e não à sabotagem deliberada do governo sionista.

Estado de S. Paulo

Folha de S.Paulo

O Globo

O acordo de cessar-fogo

Em janeiro de 2025, após 15 meses de intensos confrontos, foi estabelecido um cessar-fogo entre “Israel” e o Hamas na Faixa de Gaza. Este acordo foi mediado pelos Estados Unidos, Catar e Egito, e estruturado em três fases:

Primeira Fase: implementação de um cessar-fogo de seis semanas, durante o qual o Hamas libertaria 33 reféns israelenses, priorizando mulheres, crianças, idosos e feridos. Em troca, “Israel” liberaria entre 30 e 50 prisioneiros palestinos, começando por mulheres e crianças. Além disso, haveria a entrada de ajuda humanitária em Gaza e a retirada progressiva das tropas israelenses;

Segunda Fase: estabelecimento de um cessar-fogo permanente, com a libertação dos restantes reféns israelenses, sejam civis ou militares, em troca de mais prisioneiros palestinos;

Terceira Fase: troca dos restos mortais dos reféns israelenses falecidos e início de um processo de reconstrução de Gaza, com duração prevista de três a cinco anos.

O acordo, resultado da grande demonstração de força da Resistência Palestina, foi mediado por Estados Unidos, Catar e Egito. À época, o presidente recém-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, pressionou “Israel” a aceitar o acordo. No entanto, a decisão de aceitar o cessar-fogo gerou divisões internas no governo israelense. Membros do gabinete, como o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, e o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, ameaçaram deixar seus cargos em protesto, argumentando que o acordo representaria uma rendição ao Hamas.

Após a assinatura do acordo, celebrada por civis em Gaza, “Israel” acusou falsamente o Hamas de tentar modificar termos do pacto, criando uma “crise de último minuto”. Apesar disso, o acordo começou a ser implementado, mesmo que com várias violações por parte de “Israel”.

As várias violações do acordo

Apesar de a trégua ter reduzido brutalmente a quantidade de mortes causadas por “Israel”, a entidade sionista continuou agredindo a população de Gaza ilegalmente. Essas são apenas das algumas violações, que causaram a morte de mais de 140 mártires em dois meses:

  1. Impedimento da entrada de 50 caminhões de combustível por dia, conforme estipulado no acordo. Em vez disso, apenas 978 caminhões entraram ao longo de 42 dias, com uma média de 23 caminhões por dia.
  2. Proibição do setor comercial de importar combustível de todos os tipos, apesar de uma disposição explícita no acordo permitindo isso.
  3. Permissão da entrada de apenas 15 casas móveis (caravanas) de um total de 60.000 acordadas, além de um número limitado de tendas.
  4. Impedimento da entrada de maquinário pesado necessário para limpar escombros e recuperar corpos—apenas nove máquinas foram permitidas, enquanto o setor precisa de pelo menos 500.
  5. Bloqueio da entrada de materiais de construção necessários para a reabilitação da infraestrutura e restauração de hospitais.
  6. Impedimento da entrada de equipamentos médicos essenciais para reabilitar hospitais, e permitindo a entrada de apenas cinco ambulâncias.
  7. Proibição da entrada de equipamentos de defesa civil.
  8. Impedimento da operação da usina de energia e bloqueando a entrada de suprimentos necessários para sua reabilitação.
  9. Bloqueio da entrada de liquidez em dinheiro nos bancos e recusando a troca de cédulas danificadas.
  10. Avanço e invasão além das linhas de retirada quase todos os dias, especialmente no Corredor Filadélfia, ultrapassando os limites acordados de 300 a 500 metros, acompanhados de disparos, assassinatos de civis, demolições de casas e destruição de terras.
  11. Atraso da retirada das ruas Al-Rashid e Salah Al-Din, impedindo os deslocados de retornar por dois dias inteiros, em clara violação do acordo.
  12. Impedimento dos pescadores de retornarem ao mar, atirando contra eles e prendendo alguns.
  13. Voos diários de aeronaves de ocupação durante horas proibidas (10–12 horas diárias), com 210 violações registradas, incluindo vários veículos aéreos não tripulados (VANTs).

A crise em torno dos restos mortais da família Bibas

No dia 22 de fevereiro, “Israel” deveria ter soltado 620 reféns palestinos. Na ocasião, o Hamas já havia cumprido sua parte, libertando seis israelenses vivos. No entanto, o governo israelense se negou a cumprir a sua parte, ameaçando retomar a guerra. O pretexto para não liberar os prisioneiros-reféns foi a cerimônia realizada pelo Hamas para entregar os corpos de três prisioneiros seus assassinados pelas Forças de Ocupação – a família Bibas. A cerimônia, que não infringiu em nada o acordo, irritou Netaniahu porque expôs os métodos assassinos e desesperados de suas forças militares.

Para o premiê, ver os revolucionários provarem que os prisioneiros israelenses foram bem tratados teria sido “degradante”, porém, o Hamas não engoliu a provocação e acusou “Israel” de tentar afundar o cessar-fogo com essa manobra. “A ocupação quer romper o acordo de propósito, mostrando que não tem palavra”, disparou o dirigente Ezzat El Rashq à Al Jazeera. No final das contas, Netaniahu cedeu e liberou os reféns com quatro dias de atraso.

‘Israel’ se recusou a entrar na segunda fase

No dia 10 de março, passados mais de 50 dias desde que o acordo começou a ser implementado, o Hamas emitiu uma declaração pública acusando “Israel” de procrastinar deliberadamente o início da segunda fase do acordo. Naquele momento, “Israel” já estava bloqueando, pelo nono dia consecutivo, a entrada de alimentos e água na Faixa de Gaza. Três irmãos palestinos foram assassinados por veículos aéreos não tripulados (VANTs) das forças de ocupação que bombardearam um grupo de civis em Al-Bureij, no centro da Faixa de Gaza, naquele dia.

Na declaração pública, o Hamas reafirmou o “total compromisso com o acordo de cessar-fogo, com a implementação do que foi acordado e com nossa prontidão para iniciar imediatamente as negociações para a segunda fase”. O Hamas, no entanto, denunciou que “Israel” continua descumprindo o acordo e se recusa a iniciar a sua segunda fase, “expondo suas intenções de evasão e procrastinação”.

O Hamas acusou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netaniahu, de, pressionado pela extrema direita, que sustenta o seu governo, estar obstruindo a implementação do acordo “por razões puramente pessoais e políticas, sem qualquer preocupação real com a libertação dos prisioneiros ou com os sentimentos de suas famílias”. A organização islâmica lembrou que “o acordo foi mediado por negociadores e testemunhado pelo mundo, o que exige que a ocupação seja responsabilizada por sua implementação, pois essa é a única via para o retorno dos prisioneiros”.

Apesar de sua decisão firme em cumprir com o acordo de cessar-fogo, o Hamas deixou claro que as tentativas do sionismo e do imperialismo de pressionar o partido não serão bem-sucedidas. “A linguagem da chantagem e das ameaças de guerra não terá sucesso—não há alternativa além das negociações e do respeito ao acordo”, declarou o grupo.

Em outro comunicado, o Hamas denunciou “Israel” por não cumprir com a redução gradual de suas forças no Eixo Salah al-Din (Corredor Filadélfia) durante a primeira fase, nem iniciou a sua retirada no 42º dia, conforme estipulado no acordo. De acordo com o combinado, a retirada deveria ter sido concluída totalmente até o 50º dia, o que não aconteceu.

Ansar Alá retoma operações contra “Israel”

No dia 11 de março, o Iêmen, sob o comando do partido revolucionário Ansar Alá, anunciou a retomada do bloqueio contra embarcações israelenses em áreas estratégicas do Oriente Médio. A medida, segundo comunicado das Forças Armadas iemenitas, responde à recusa de “Israel” em reabrir as passagens para a Faixa de Gaza e permitir a entrada de ajuda humanitária.

O bloqueio, ainda em vigência, abrange o Mar Vermelho, o Mar Arábico, o estreito de Babelmândebe e o Golfo de Ádem, áreas cruciais para o comércio marítimo global. Com isso, qualquer navio ligado a “Israel” que tentar atravessar essas regiões será considerado alvo militar. O anúncio marca uma escalada na campanha iemenita de pressão contra Telavive, que já havia sido alertada anteriormente pelo líder do partido revolucionário Ansar Alá, Abdulmalik Badr al-Din al-Houthi.

O governo iemenita justificou a ação como uma resposta direta à inação dos mediadores internacionais, que não conseguiram garantir a abertura das passagens para Gaza. Desde o início do conflito em outubro de 2023, o cerco israelense tem agravado a crise humanitária no território palestino, bloqueando o acesso a suprimentos essenciais. Para os iemenitas, a medida é uma forma de demonstrar solidariedade à resistência palestina e pressionar por uma solução urgente.

Abaixo, reproduzimos a tradução da nota emitida pelo governo iemenita:

Em Nome de Alá, o Mais Gracioso, o Mais Misericordioso

Disse o Todo-Poderoso:
“Mas se vocês retornarem [ao pecado], Nós retornaremos [ao castigo], e fizemos do Inferno uma prisão para os descrentes.”Esta é a Verdade de Alá, o Todo-Poderoso.

Em apoio e vitória ao povo palestino oprimido e seus valentes combatentes, e após o vencimento do prazo concedido por Sayyed Abdulmalik Badr al-Din al-Houthi, que Alá o proteja, aos mediadores para pressionar o inimigo “israelense” a reabrir os pontos de passagem e permitir a entrada de ajuda na Faixa de Gaza, e devido à incapacidade dos mediadores de alcançar tal objetivo, as Forças Armadas do Iêmen confirmam o seguinte:

Primeiro: A retomada da proibição da passagem de todos os navios “israelenses” na área designada de operações, que inclui o Mar Vermelho, o Mar Arábico, Bab al-Mandeb e o Golfo de Áden.

Segundo: Essa proibição entra em vigor imediatamente a partir do momento do anúncio desta declaração.

Terceiro: Qualquer navio “israelense” que tentar romper esta proibição será alvo dentro da área declarada de operações.

Quarto: Esta proibição permanecerá em vigor até que os pontos de passagem para a Faixa de Gaza sejam reabertos e a ajuda humanitária, incluindo alimentos e medicamentos, seja permitida.

As Forças Armadas do Iêmen saúdam o resistente povo palestino na Faixa de Gaza e na Cisjordânia e afirmam que, com a ajuda de Alá, permanecem ao lado da valente resistência palestina.

Alá é suficiente para nós, e Ele é o melhor executor dos nossos assuntos, o melhor guardião e o melhor ajudante.

Viva o Iêmen — livre, orgulhoso e independente.
Vitória ao Iêmen e a todos os povos livres da nação.

Sana’a, 11 do mês de Ramadã 1446 AH
Correspondente a 11 de março de 2025
Emitido pelas Forças Armadas do Iêmen

Após tomar conhecimento da retomada dos bombardeios por parte de “Israel”, o Ansar Alá emitiu um novo comunicado, reafirmando a sua solidariedade ao povo palestino.

“Condenamos nos termos mais fortes a retomada da agressão criminosa sionista contra Gaza e a perpetuação de novos massacres horríveis.

A perigosa escalada ‘israelense’ contra Gaza ocorre em meio ao bloqueio contínuo e à fome de quase 2 milhões de palestinos.

A escalada ‘israelense’ e os estados mediadores e garantidores do acordo de cessar-fogo são incapazes de deter a teimosia e a arrogância sionista.

A agressão pela entidade sionista é baseada no apoio ilimitado dos Estados Unidos em todos os níveis militares, logísticos e políticos.

A coincidência da escalada sionista contra a Faixa de Gaza com a agressão americana contra o Iêmen visa impor a equação de profanação da nação e impor uma realidade sombria.

A escalada sionista contra a Faixa de Gaza aproveita o abandono sem precedentes dos regimes árabes.

Reiteramos que o Iêmen, com suas forças armadas, continuará sua escalada militar em apoio a Gaza e ao povo palestino até que a agressão cesse e o bloqueio seja levantado.”

Estados Unidos bombardeiam Iêmen

Dois dias antes do bombardeio da Faixa de Gaza, os Estados Unidos, com ordens expressas de seu presidente, Donald Trump, bombardearam o Iêmen, acusando falsamente o Ansar Alá de atacar navios norte-americanos.

“Hoje, ordenei que as Forças Armadas dos Estados Unidos lançassem uma ação militar decisiva e poderosa contra os terroristas Hutis no Iêmen”, declarou Trump, referindo-se de forma pejorativa aos integrantes do partido revolucionário Ansar Alá. “Eles travaram uma campanha incessante de pirataria, violência e terrorismo contra navios, aeronaves e VANTs [veículos aéreos não tripulados] norte-americanos e de outros países”.

Trump também dirigiu um recado às autoridades iranianas:

“Para o Irã: O apoio aos terroristas Hutis deve acabar IMEDIATAMENTE! NÃO ameacem o povo norte-americano, seu presidente — que recebeu um dos maiores mandatos da história presidencial — ou as rotas de navegação internacionais. Se o fizerem, CUIDADO, porque os Estados Unidos os responsabilizarão totalmente.”

Trump ordenou que os iemenitas cessassem imediatamente os seus “ataques”, referindo-se às ações de apoio ao povo palestino:

“A todos os terroristas Hutis: SEU TEMPO ACABOU, E SEUS ATAQUES DEVEM PARAR, A PARTIR DE HOJE”.

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