Nesta terça-feira (23), “Israel” realizou uma agressão em larga escala contra o sul da Síria, agressão esta realizada por aviões das forças israelenses de ocupação, que bombardearam inúmeras localidades nas proximidades de Damasco (capital da Síria), assim como nas províncias de al-Suweida, Daraa e Quneitra, as duas primeiras no sul do país, próxima da fronteira com a Jordânia, e a última e a última no sudoeste do país, na fronteira com as Colinas do Golã.
Conforme noticiado pela emissora libanesa Al Mayadeen, citando correspondente local, ao menos seis explosões altas foram ouvidas na zona rural de al-Suweida.
A agressão sionista ocorreu um dia depois de Benjamin Netaniahu, primeiro-ministro da entidade sionista, ter declarado que iria desmilitarizar o sul da Síria, citando as províncias de Quneitra, Daraa e al-Suweida. Netanyahu também chegou a afirmar que atacaria até mesmo os mercenários pró-imperialistas do Hayat Tahrir al-Sham – HTS (milícia pró-imperialista que liderou o recente golpe de Estado), se eles interviessem.
Os ataques foram confirmados por Israel Katz, ministro da Defesa de “Israel”. Segundo o sionista, os alvos foram instalações militares. Segundo informações das emissoras Al Mayadeen e Press TV, uma das instalações atingidas estava localizada na cidade de Kiswah, nos arredores de Damasco, e outra delas na zona rural oriental de Daraa.
Ao confirmar o ataque, Israel Katz também declarou que o governo israelense “não permitirá que o sul da Síria se transforme no sul do Líbano“, uma referência ao Hesbolá, partido revolucionário que é, no Líbano, o principal aliado da Resistência Palestina, e que, durante os 15 meses da guerra na Palestina, realizou milhares de ataques contra “Israel”, a partir do sul do Líbano.
Noticiando sobre a agressão, o jornal israelense Yedioth Ahronoth (Ynet), afirmou que Telavive começou a implementação de um plano para “entrar no sul da Síria e controlá-lo”. Conforme Al Mayadeen, os bombardeios ocorreram paralelamente à expansão da invasão sionista no norte de Quneitra e Daraa. Segundo correspondente da emissora, o avanço em Daraa visa assumir o controle total do sul da Síria.
O ataque foi prontamente condenado pelo Hamas, partido revolucionário mais popular da Palestina, cuja Resistência, liderada pelo mesmo, impôs recentemente derrota humilhante ao sionismo e ao imperialismo, com o cessar-fogo. Em sua declaração, o Hamas condenou “a criminosa agressão israelense em território sírio, bem como a incursão terrestre da ocupação na zona rural de Daraa e Quneitra“, acrescentando que a agressão é “ataque flagrante à soberania síria e uma continuação da política de arrogância seguida pela entidade de ocupação contra os países árabes“.
O Movimento Mujahideen Palestino também condenou os ataques israelenses, afirmando que essa “essa agressão traiçoeira em andamento é uma extensão da guerra aberta sionista-americana contra nossa nação, visando suas capacidades e existência“.
O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit também se pronunciou, ocasião em que afirmou que a agressão sionsita é “provocação imprudente” que visa explorar a transição política do país para impor uma “realidade ilegal e ilegítima”, acrescentando que tais ações servem para “acender tensões regionais e obstruir a transição política da Síria”, afirmando também que “a ocupação de qualquer terra síria por Israel é uma violação do direito internacional“, conforme reproduzido pela Al Mayadeen.
Por outro lado, o presidente golpista da Síria, Ahmad al-Sharaa, continua afirmando que o novo estado Sìrio e o HTS (milícia pró-imperialista liderada por ele) não são ameaça a “Israel”. Conforme noticiado pela emissora israelense KAN, al-Sharaa, está “enviando garantias a Israel”, de que ele, sua milícia e o regime golpista não são inimigos. Isto teria ocorrido durante reunião com a delegação representante da população drusa local, ocorrida na segunda-feira (24). Al-Shara teria chegado a afirmar que a “retórica de escalada da ocupação contra a Síria injustificada”, mas reiterou que “as ameaças anteriores que a Síria representava para Israel não existem mais” e destacando que o governo sírio está “trabalhando para impedir a transferência de armas para o Hesbolá através de seu território”, expressando novamente submissão ao sionismo e ao imperialismo.
Ainda nesse sentido, o presidente golpista reuniu-se nessa quarta-feira (26) com o rei da Jordânia, Abdullah II. Apesar do monarca ter emitido palavras de condenação contra a agressão israelense, os mandatários enfatizaram a necessidade de coordenação próxima para coibir atividades de contrabando, um desafio de longa data ao longo da fronteira da Jordânia, disse o palácio real. Al-Sharaa prometeu tomar medidas decisivas contra as redes de contrabando, conforme noticiado pela Al Mayadeen, ações que visam a dificultar ainda mais o fornecimento de suprimentos, militares ou não, ao Hesbolá, o que ocorria através da Síria durante o governo nacionalista de Bashar al-Assad.
Apesar de Al-Shara se recusar a combater a ocupação sionista, parte da população da Síria tem a atitude oposta: na terça-feira, após as declarações de Netaniahu, mas antes do ataque, centenas de sírios foram às ruas em todo o país árabe para protestar contra a intervenção estrangeira. Conforme noticiado pela emissora Press TV, os protestos uniram diversas comunidades, incluindo cidadãos sunitas, cristãos, drusos e curdos os manifestantes gritavam “de Suwayda a Qamishlo, e de Dara’a a Idlib… a Síria pertence aos sírios, não é propriedade de nenhuma aliança ou mandato”, expressando também forte desprezo por Benjamin Netaniahu.